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Olhar Olímpico

Alto custo de aluguel faz rúgbi trocar o Pacaembu pelo Canindé

Demétrio Vecchioli

05/05/2018 04h00

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(divulgação/CBRu)

Uma das soluções apontadas para o futuro do Pacaembu é que o estádio encontre fontes de renda em outros tipos de eventos esportivos, além de futebol. O primeiro da lista é o rúgbi, que vinha jogando com alguma regularidade no estádio municipal. Neste sábado, a seleção brasileira masculina enfrenta o Chile pelo Campeonato Sul-Americano e o confronto vai acontecer no estádio do Canindé, casa da Portuguesa. O motivo: o custo.

Além do valor do aluguel pago à prefeitura de São Paulo a partir de preço definido por tabela, chegando até quase R$ 90 mil para jogos noturnos, no Pacaembu é necessário locar geradores de energia, catracas, pagar taxas de policiamento e arcar com um custo conhecido como "quadro móvel", que envolve o pagamento de diárias aos funcionários que já dão expediente no estádio, para que eles atuem também nas partidas.

"Isso tudo somado sempre dá pelo menos R$ 100 mil. Na verdade é um pouco a mais do que isso, mas nunca fica abaixo de R$ 100 mil", diz Agustin Danza, CEO da Confederação Brasileira de Rúgbi. "No Canindé, o custo fica em torno da metade disso", detalha.

Há ainda o fato de o Campeonato Sul-Americano de 2018 ter sido confirmado apenas no começo do ano, o que não permitiu à CBRu fazer um planejamento financeiro para arcar com o custo de uma partida no Pacaembu. Com tíquete médio de R$ 18, a confederação precisa colocar ao menos 7 mil pagantes no estádio municipal para não ter prejuízo. Isso só foi alcançado uma vez, no primeiro jogo da seleção no Pacaembu em 2015, contra a Alemanha.

Desde então, o público tem diminuído. Na última das quatro partidas que a seleção fez no estádio no ano passado, contra o Canadá, foram vendidos apenas 1.018 ingressos, o que rendeu meros R$ 26,5 mil de renda. O valor não paga um quarto dos custos. Este ano, só o primeiro jogo em casa pelo Americas Rugby Championship foi no Pacaembu, contra o Uruguai, para 2.315 pagantes.

Sem condições de arcar com tanto prejuízo, a CBRu passou a buscar outras soluções. Os dois jogos mais interessantes da liga este ano, contra o campeão Estados Unidos e a vice Argentina foram em São José dos Campos. Agora, no Sul-Americano, a estreia em casa será no Canindé e o mais provável é que o jogo diante da Colômbia, daqui a duas semanas, ocorra em um estádio ainda menor.

Em 2018, o duelo diante do Uruguai, em fevereiro, será o único do Brasil no Pacaembu. A previsão é que a seleção fizesse amistosos em casa em junho, mas a World Rugby vetou que uma série de times europeus deixem o Velho Continente durante essa janela de amistosos. Entre eles, os times que enfrentariam o Brasil. Aí, o time brasileiro terá que ir até a Europa e fazer jogos fora de casa.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.