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Olhar Olímpico

Coreias decidem não jogar entre si e viram um time só para semi de Mundial

Demétrio Vecchioli

03/05/2018 10h54

(TT News Agency/Jonas Ekstromer/via REUTERS)

Imagine que, já na fase de mata-mata da Copa do Mundo, dois times que deveriam ser rivais decidam não se enfrentar. Mais do que isso: conversem entre si e com a federação internacional e acertem que, dali em diante, eles formam um time só, com o dobro de jogadores dos rivais. A situação parece absurda, mas aconteceu nesta quinta-feira no Mundial por Equipes de Tênis de Mesa. E tem uma razão histórica: os times em questão são as duas Coreias.

As duas equipes deveriam jogar entre eles pelas quartas de final da competição, que está sendo jogada na Suécia. O confronto foi definido por sorteio, após a realização da primeira fase. Considerada uma "caixinha de surpresas", porque suas jogadoras não costumam jogar o Circuito Mundial – assim, as rivais as conhecem mal -, a Coreia do Norte ficou em segundo em seu grupo. A Coreia do Sul, em primeiro.

No mata-mata, a Coreia do Norte fez 3 a 0 na Rússia e avançou para enfrentar as sul-coreanas nas quartas de final. E aí veio a conversa. Os dois times, que se consideram de um mesmo país, decidiram não se enfrentar. Conversando coma Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF), conseguiram a autorização: avançariam juntas para a semifinal, como um time só. Ou seja, será a "Coreia" a jogar contra o Japão, na sexta.

"Quando informei ao Conselho de Administração sobre a situação, a Equipe Unificada recebeu uma ovação em pé dos delegados, que mostraram seu sinal de apoio a este movimento histórico", comentou Thomas Weikert, presidente da ITTF.

A decisão segue a promessa dos líderes do país por "paz duradoura" na península coreana, expressada na semana passada, quando os líderes das duas Coreias se reuniram. E reforça um movimento que já havia iniciado na Olimpíada de Inverno de PyeongChang, onde uma equipe unificada disputou o torneio de hóquei sobre o gelo feminino.

A diferença, desta vez, é que a Coreia Unificada é uma potência do tênis de mesa. Em 1991, as coreanas já jogaram o Mundial como uma equipe só, e foram campeãs, vencendo a China na final. Desta vez, são oito atletas à disposição e ainda não foi anunciado como se dará a composição do time.

Brasil

Na chave masculina, o Mundial também tem tudo para ser histórico para o Brasil. Na fase de grupos, a seleção brasileira só perdeu da China, fazendo duelo equilibrado. De forma até surpreendente, ganhou de Portugal, que tem uma equipe com jogadores melhores ranqueados.

Às 14h desta quinta, pelo horário de Brasília, o time do Brasil, liderado por Hugo Calderano, número 12 do ranking mundial, joga contra contra a Croácia, em tese um adversário mais fraco. Se avançar, pega a Alemanha nas quartas de final. Os alemães são os líderes do ranking por equipes e têm o 2º e 3º do ranking de simples, além de outros três atletas no Top25.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.