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Olhar Olímpico

Final da Superliga coloca organizadas e crianças lado a lado

Demétrio Vecchioli

28/04/2018 15h30

 

(Gaspar Nóbrega/Inovador/CBV)

Cristian e Isabel nunca tinham ido a um jogo de vôlei até estarem sentados lado a lado na arquibancada superior do Ginásio do Ibirapuera para assistirem à primeira partida da final da Superliga Masculina, neste sábado. Divididos apenas por um corrimão, sem nenhum segurança entre eles (ou sequer por perto), ele torce para o Cruzeiro, ela pelo Sesi. Os dois vieram a São Paulo de caravana e se juntaram a torcidas organizadas. Mas os 13 anos que Isabel tem de vida representam quase um terço do tempo que Cristian tem de Máfia Azul.

É que a final da Superliga, diferente de qualquer jogo de futebol, expõe duas torcidas muito diferentes, ainda que com alguns pontos em comum. Uma, de vermelho, faz muito barulho, usando para isso bastões inflados. A outra, de azul e branco, sobe o tom de voz quando o Hino Nacional diz que a imagem do Cruzeiro resplandece, atraindo olhares assustados e surpresos dos menores. Mas se uma é formada por crianças, adolescentes e seus professores, a outra está mais do que acostumada aos mais diversos obstáculos para ver o Cruzeiro jogar.

Cristian faz isso há 35 dos seus "quase 50 anos.". A rodagem, os 27 estados do país já visitados para acompanhar o Cruzeiro, fazem dele um membro da Velha Guarda da Máfia Azul, o que ele tem orgulho de demonstrar com uma faixa. Mesmo das visitas a São Paulo ele já perdeu a conta, mas ele nunca havia acompanhado o time tetracampeão da Superliga, nem mesmo em Belo Horizonte. Desta vez, veio a São Paulo numa caravana de cinco ônibus, com outras quase 250 pessoas. Cada um entregou cinco quilos de alimentos para participar da viagem desde Belo Horizonte.

Isabel veio de mais perto. Ela tem 13 anos e é aluna da escola do SESI em Suzano, na Grande São Paulo. De lá saiu um ônibus cheio, que andou 1h10 até chegar ao Ibirapuera. "É um clima muito legal e não dá medo ficar assim tão perto da torcida deles. Até achei que vinha mais gente do Cruzeiro", diz, vestindo uma camiseta distribuída pelo Sesi, que pintou de vermelho o Ibirapuera.

Sem visar lucro com a partida, única da Superliga que não jogou no ginásio da Vila Leopoldina, muito mais acanhado, o SESI resolveu usar a oportunidade para aproximar seus alunos de seu time. Neste sábado, vieram ao Ibirapuera 90 ônibus, trazendo 3.800 alunos de 56 cidades diferentes.

O jogo também serviu de oportunidade para o SESI reunir seus atletas de alto-rendimento. O clube atualmente investe no basquete (o time em parceria com o França caiu nas quartas de final do NBB), no vôlei feminino (a partir da próxima temporada em parceria com o Bauru), na natação (ficou em quito no Troféu Brasil), no polo aquático, no judô, no atletismo, na luta e no triatlo.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.