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Olhar Olímpico

Com 16 vagas, seleção brasileira de natação terá só duas mulheres

Demétrio Vecchioli

21/04/2018 20h27

(Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

A seleção brasileira de natação que irá disputar o Pan-Pacífico em agosto, no Japão, será composta por 14 homens e duas mulheres. O Troféu Brasil, única seletiva para a competição terminou neste sábado no Parque Aquático Maria Lenk só classificou duas nadadoras para ocupar as 16 vagas da seleção a partir dos critérios estabelecidos pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).

A comissão técnica estipulou um critério peculiar para a convocação. Além dos quatro primeiros colocados dos 100m livre, que nadarão o revezamento 4x100m livre masculino (único no qual o Brasil hoje é potência mundial), também teriam vaga os 12 melhores índices técnicos em finais do Troféu Brasil, sendo no máximo atletas dois por prova. Esses índices foram medidos a partir da colocação que a marca representaria no ranking mundial de 2017, considerando dois atletas por país.

Ou seja: em crise financeira, sem condições de pagar a viagem para um time grande, a CBDA preferiu reservar as vagas para os atletas que teriam mais chance de pódio ou de final do Pan-Pacífico, torneio que reúne as principais potências da natação que não estão na Europa – logo, não têm no Europeu o principal evento da temporada. Na prática, isso significou tornar mais difícil a vida das mulheres.

No ano passado a CBDA já havia estipulado critérios técnicos para a convocação do Mundial de Budapeste. Na ocasião, três das 16 vagas ficaram com mulheres: Joanna Maranhão, Etiene Medeiros e Manuella Lyrio. Joanna está sem clube depois de não renovar com a Unisanta no fim do ano passado e participar de um reality show de dança – e por isso não competiu, Etiene operou o ombro e também não disputou o Troféu Brasil, e Manuella passou longe do seu melhor nos 200m.

Neste ano, a equipe feminina foi salva pelo resultado dos 50m livre, prova disputada neste sábado e que teve vitória de Lorrane Oliveira (24s94), seguida de perto por Larissa Oliveira (24s96). Esses resultados equivalem ao 20º e 22º lugares do ranking mundial de 2018 e 29º e 30º lugares no do ano passado. Como comparação, na mesma prova masculina, o quinto colocado fez uma marca que o deixa em 21º no mundo.

Mesmo se o critério fosse outro, porém, o cenário seria ruim. Para a Olimpíada do Rio, a natação feminina brasileira conseguiu 11 índices A. Usando a mesma tabela, no Troféu Brasil teriam sido apenas três: Lorrane e Larissa nos 50m livre e Daynara de Paula nos 100m borboleta. Fazendo a mesma comparação com a natação masculina, seriam só três índices a menos.

A boa notícia é que houve alguma renovação. Viviane Jungblut, de 21 anos, venceu os 400m, os 800m e os 1.500m livre. Ela foi a segunda melhor brasileira na maratona aquática e irá para o Pan-Pacífico como maratonista. A depender de decisão da comissão técnica, também poderia nadar as provas de piscina.

Já as provas de medley foram vencidas por Gabrielle Roncatto, de 19 anos. Há anos apontada como promessa, ela venceu pelas duas primeiras vezes na carreira um torneio deste porte. Mas seu resultado nos 200m medley, por exemplo, representa só o 50º lugar do ranking mundial.

Por outro lado, tanto nas duas provas olímpicas de peito quanto nas duas de borboleta as brasileiras ficaram atrás das argentinas. Por outro lado, Jhennifer Conceição até fez o sexto tempo do mundo nos 50m peito. Mas não só o resultado não serve para levá-la ao Pan-Pacífico quanto reforça a velha crítica da prioridade dada às provas não-olímpicas. Nos 100m peito, ela até foi a melhor brasileira, mas terminou só em quarto, atrás de duas argentinas.

Convocação

Com 14 nomes o time masculino no Pan-Pacífico terá apenas quatro veteranos: Leo de Deus, Bruno Fratus, Marcelo Chierighini e João Luiz Gomes Jr. Dos três, só Leo não tem medalhas em Mundiais de Piscina Longa- mas ele foi prata nos 200m borboleta do Pan-Pacífico de 2014.

Todos os demais são, se não estreantes em seleções adultas, todos jovens: Fernando Scheffer (20 anos), Vinicius Lanza (21), Guilherme Costa (19), Luiz Altamir (21), Brandonn Almeida (21), Gabriel Fantoni (19), Leonardo Santos (23), Pedro Spajari (21), Gabriel Santos (21) e Marco Antônio Ferreira Jr (20).

Confira a convocação do Pan-Pacifico

Bruno Fratus – Minas Tênis Clube

Leonardo de Deus – Unisanta

Fernando Scheffer – Minas Tênis Clube

Vinicius Lanza – Minas Tênis Clube

Guilherme Costa – Pinheiros

Luiz Altamir – Pinheiros

Brandonn Almeida – Corinthians

Gabriel Fantoni – Minas Tênis Clube

Lorrane Ferreira – Pinheiros

Larissa Oliveira – Pinheiros

João Gomes Júnior – Pinheiros

Leonardo Souza – Pinheiros

Gabriel Santos – Pinheiros

Pedro Spajari – Pinheiros

Marco Antonio Junior – Minas Tênis Clube

Marcelo Chierighini – Pinheiros

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.