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Olhar Olímpico

Aos 20, Fernando Scheffer bate mais um recorde sul-americano na natação

Demétrio Vecchioli

20/04/2018 20h10

Fernando Scheffer (Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

A natação brasileira tem uma nova referência para as provas de meio-fundo. Três dias depois de abrir o Troféu Brasil (antigo Maria Lenk) com o recorde sul-americano dos 400m livre, nesta sexta-feira o jovem Fernando Scheffer, de recém-completados 20 anos, estraçalhou também o antigo recorde dos 200m livre. De uma só vez a antiga melhor marca, de João de Lucca, foi melhorada em 34 centésimos: 1min46s08.

Esse tempo coloca Scheffer no quinto lugar do ranking mundial e o daria medalha de bronze nos Jogos da Comunidade Britânica deste ano, por exemplo. No Mundial do ano passado, em Budapeste, teria sido suficiente para levá-lo à final. A expectativa, porém, é pelo que ele pode fazer no Torneio Pan-Pacífico, em agosto, no Japão, onde é nome certo na convocação brasileira.

Revelado no Grêmio Náutico União (GNU) e em sua primeira temporada no Minas Tênis Clube, Scheffer vem mostrando seu estilo de nadar, deixando um gás para o final. Foi assim também na obtenção de novo recorde sul-americano dos 400m livre, na terça-feira. No dia seguinte, ele fez uma parcial de 1min44s84 largando lançado no revezamento 4x200m do Minas. Como comparação, no time americano campeão olímpico no Rio, Ryan Lochte foi 1s19 mais lento e, Michael Phelps, outros 42 centésimos mais devagar.

Scheffer é uma das caras da nova geração da natação brasileira, que se apresenta nesta edição do Troféu Brasil. Na quinta-feira, Gabriel Santos e Pedro Spajari se tornaram o terceiro e o quarto mais rápidos da história do país nos 100m livre – sem traje tecnológico, eles só ficam atrás de Cesar Cielo. Hoje, são segundo e terceiro do ranking mundial. Guilherme Costa, o Cachorrão, é o novo recordista sul-americano dos 800m e sexto do mundo na prova, enquanto Vinicius Lanza é o quarto do ranking mundial dos 100m borboleta e nono nos 200m medley. O mais velho dessa turma tem 21 anos.

O momento de renovação é tanto que, nos 100m costas, a vitória ficou com Gabriel Fantoni, que tem apenas 19 anos e superou o veterano Guilherme Guido, finalista da prova no Mundial do ano passado. Com 54s07, inclusive, ele assume o 13º lugar do ranking mundial e fica muito perto de uma vaga no Pan-Pacífico. Nos 400m medley, o campeão foi Brandon Pierry, de 19, com 4min16s01.

Serão convocados os quatro primeiros dos 100m livre (Gabriel, Spajari, Marco Antonio Jr e Marcelo Chierighini) e mais 12 atletas a partir do ranking que eles obteriam em 2017 com a marca da final do Troféu Brasil. Leo de Deus, Vinicius Lanza, Guilherme Costa, Luiz Altamir Melo, Leonardo Santos, Fernando Scheffer, Brandonn e Gabriel Fantoni têm vaga praticamente garantida.  Novamente: desses, só Leo de Deus e Marcelo Chierighini têm mais de 21 anos.

O Troféu Brasil termina no sábado, quando será realizada a prova mais aguardada, dos 50m livre, com Cesar Cielo e o vice-campeão mundial Bruno Fratus. Também serão disputados os 200m peito, os 1.500m livre (homens) e 800m livre (mulheres). Nas três vagas restantes, uma deve ser de Fratus. Hoje, os próximos da fila são João Luiz Gomes Jr e Iago Moussalen (19 anos).

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.