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Olhar Olímpico

Criticando legado e falta de apoio, tênis do RJ vê renúncia coletiva

Demétrio Vecchioli

11/04/2018 04h00

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(Renato Sette Camara/Prefeitura do Rio)

A cidade que tem o maior (e mais caro) complexo esportivo para a prática de tênis, e também o mais importante torneio do país, não tem mais uma diretoria constituída em sua federação estadual. Na semana passada, toda a cúpula da Federação de Tênis do Estado do Rio de Janeiro (FTERJ) renunciou ao posto. A alegação: falta de apoio para desenvolver a modalidade no Rio.

"Ao contrário do que se esperava, todas as (nossas) iniciativas foram ignoradas e nada aconteceu – por exclusiva e evidente omissão e desinteresse dos órgãos dito 'competentes'. Infelizmente, o  segmento do tênis no Rio de Janeiro encontra-se estagnado, apesar dos esforços da diretoria da FTERJ em obter os recursos necessários à realização de seu trabalho. O prejuízo é imenso, pois toda a sociedade tem contabilizado essas perdas", reclamaram os diretores, em carta aberta publicada no site da federação.

No Rio de Janeiro, há uma guerra velada entre dois grupos ligados ao tênis. A diretoria reeleita em 2016, por voto direto, para ficar quatro anos à frente da então combalida FTERJ é próxima ao ex-presidente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT) Jorge Lacerda. Este grupo tem desavenças públicas e antigas com os organizadores do Rio Open, liderados por Ricardo Accioly, o Pardal.

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Entre os motivos das desavenças, o volume de dinheiro depositado no Rio Open: R$ 6,5 milhões de renúncia fiscal do Governo Federal e outros R$ 8 milhões do Governo do Estado do Rio, também por renúncia fiscal. Enquanto isso, os projetos da FTERJ ficaram parados por falta de apoio.

"A atual diretoria da FTERJ, em sua gestão, tentou imprimir, junto ao Estado, várias ações de promoção e desenvolvimento do tênis, apresentando projetos elaborados sob a perspectiva da inclusão social e da utilização do esporte como ferramenta de  reconstrução e de fortalecimento do indivíduo e da sociedade. Porém, ao contrário do que se esperava, todas as iniciativas foram ignoradas e nada aconteceu", escreveram os diretores.

Agora ex-presidente, Renato Cito contou ao Olhar Olímpico que a federação chegou a utilizar a estrutura do Centro Olímpico de Tênis, no Parque Olímpico da Barra, para realizar quatro campeonatos. Mas que não encontrou condições adequadas.

"Roubaram tudo. Todo o material das Olimpíadas sumiu. Consegui que a AGLO (Autoridade de Governança do Legado Olímpico) me liberasse para fazer uso da instalação, só que não tinha sequer a rede. Não tem nada. Você tem o espaço, mas não tem rede, não tem o suporte da rede, não tem o cabo de aço, não tem a cadeira do juiz. O problema é teu conseguir fazer, você não pode contar com eles", atacou Cito.

O ex-presidente da FTERJ também reclama do fato de a federação nem ser beneficiada pela realização de um torneio de grande porte no estado. "Já são cinco edições do Rio Open sem que a federação recebesse nenhum tipo de apoio, de repasse, nenhum centavo. A gente tentou se reunir, colocamos os projetos, mas o Rio Open nunca quis saber", criticou.

Outro lado

Procurada, a AGLO, que tem um orçamento de R$ 150 milhões este ano, confirmou que não dispõe de redes para a prática de tênis. "A estrutura do Centro Olímpico de Tênis dispõe de iluminação (diurna e noturna), bem como é composta por cadeiras permanentes. Com relação aos equipamentos citados, a autarquia não pode se manifestar, haja vista ter sido criada em 30 março de 2017 e nenhum material desse tipo foi entregue à AGLO, uma vez eles pertencerem ao Comitê Rio-2016".

Sobre a acusação de não dar atenção aos tenistas e à federação, a AGLO ressaltou que "vem proporcionando o acesso à todas as estruturas de tênis para os atletas de alto rendimento, base, e inclusive cidadãos comuns e projetos sociais, de modo a democratizar o esporte", citando um projeto social do Rio Open para 50 crianças carentes – o projeto é uma contrapartida exigida pelo governo do Estado para a renúncia fiscal.

 

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.