Judô em crise: técnico pede demissão e Tiago Camilo deve assumir a seleção
A falta de resultados no masculino abriu uma crise no judô brasileiro. Fulvio Miyata vinha sendo pressionado no cargo de treinador da seleção masculina, recebeu um convite para assumir a equipe do Minas Tênis Clube, e informou à Confederação Brasileira de Judô (CBJ) seu pedido de desligamento. Tiago Camilo, que ainda não fez um anúncio oficial sobre sua aposentadoria, já foi convidado para ser o novo técnico do Brasil.
A crise vem se arrastando ao longo dos últimos dias, mas vinha sendo mantida longe dos holofotes. Mas ela se acentuou nos bastidores a partir da última segunda-feira, quando a seleção brasileira se reuniu para um camping de treinamento em Pindamonhangaba, no interior do estado de São Paulo. Fúlvio segue atuando como treinador da equipe, mas com prazo para sair: fim do mês.
Ele já havia comunicado a CBJ, há cerca de 10 dias, que havia aceitado o convite do Minas. O clube, que já foi o melhor do país, estava sem treinador e precisa reerguer sua equipe depois de perder Luciano Corrêa (por aposentadoria) e Alex Pombo (para a Sogipa). Além dele, o Minas acertou com o próprio Luciano para ser seu novo chefe do departamento de judô – o ex-judoca, porém, só assume em maio.
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Pelo que apurou o Olhar Olímpico, Fúlvio se antecipou a uma possível demissão. A falta de resultados na seleção brasileira masculina de judô é visível e vinha sendo alvo de críticas da imprensa e de cobrança por parte dos patrocinadores. Exceto a categoria pesado (Rafael Silva foi medalhista nos dois últimos Jogos Olímpicos e David Moura é o atual vice-campeão mundial), as demais não têm apresentado resultado. E a geração vitoriosa que tinha o próprio Tiago Camilo encerrou sua trajetória.
Com destacou o blog do colega Guilherme Costa, no GloboEsporte.com, há duas semanas, o Brasil só tem Top8 no ranking mundial masculino entre os pesados, teve no Rio sua pior Olimpíada em 36 anos e, no mais recente Grand Slam, ganhou só uma medalha – contra oito das mulheres. A bem da verdade é que (novamente, tirando a categoria pesado), o Brasil não mete medo em mais ninguém no masculino.
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As mudanças são necessárias e vão ocorrer ao longo do mês. Na noite de terça-feira, em Pindamonhangaba, o gestor de alto-rendimento da CBJ, Ney Wilson, sentou para conversar com Tiago Camilo e o convidou para ser o novo técnico da seleção masculina. O judoca de 35 anos, que até agora não falou com a grande imprensa sobre sua aposentadoria (ainda que já tenha comentado sobre ela para a revista da CBJ e não esconda de ninguém sua decisão), ficou de pensar até o fim do mês. Até lá, a prioridade é a atenção ao terceiro filho, que nasce essa semana.
Outros fatores impedem que ele aceite o convite: além da família, Tiago tem seus projetos pessoais, entre eles uma academia de judô e um instituto que levam seu nome. Além disso, ele é o atual presidente da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB). A própria CBJ trabalha com outros nomes, mas se Tiago aceitar a oferta, o cargo é dele.
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Caso de fato assuma a seleção, Tiago terá como principal função desenvolver o judô de uma nova geração que está batendo à porta, liderada por Daniel Cargnin e Rafael Macedo. Os dois jovens, ambos campeões mundiais sub-21, foram medalhistas no Grand Prix de Tibilisi (Geórgia) no fim de semana passado e estão entre as esperanças da CBJ para Tóquio-2020.
Por enquanto, a preocupação é que eles subam no ranking. Por isso, a CBJ já definiu que a seleção que irá para o Campeonato Pan-Americano, na Costa Rica, daqui a duas semanas, será de jovens, dando oportunidade a eles subirem no ranking. Hoje, Cargnin (até 66kg) é 15º e Rafael Macedo (até 90kg, categoria de Tiago) é o 20º.
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