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Olhar Olímpico

Em novo momento financeiro, COB enxuga premiação de melhores do ano

Demétrio Vecchioli

28/03/2018 22h30

O endereço era o mesmo da festa do ano passado: a Cidade das Artes, um suntuoso prédio entre as avenidas Ayrton Senna e das Américas, na zona Sul do Rio. Mas muita coisa mudou entre o Prêmio Brasil Olímpico do ano passado e o deste ano, realizado nesta quarta-feira. A começar pelo auditório. O do ano passado era o maior à disposição, para 1.250 pessoas. O de 2018, o menor, para 450 convidados, apenas. Sinal dos novos tempos no Comitê Olímpico do Brasil (COB).

Assim que assumiu a presidência do COB, no fim do ano passado, Paulo Wanderley indicou que, por ele, não faria novamente o prêmio, dispendioso para um comitê em crise financeira. Mas foi convencido a mudar de ideia e realizou a premiação nesta quarta-feira, exatamente um ano depois da edição de 2017. Quer dizer, a de 2016 – é que a cerimônia, que costumava ocorrer no fim do ano, foi adiada na edição passada porque o Theatro Municipal do Rio, que o COB queria usar, estava indisponível em dezembro de 2016.

Agora, eventos luxuosos são coisa do passado. Daqui para frente, a tendência é o COB manter o formato enxuto. E nem tem como ser diferente. O comitê perdeu patrocinadores e passou a trabalhar com um orçamento relativamente modesto. Além da verba da Lei Piva, carimbada, recebe apenas uma espécie de mesada do Comitê Olímpico Internacional (COI). Patrocinadores próprios, só a Estácio (que paga em forma de permuta) e a fornecedora de material esportivo Peak (cuja maior parte do pagamento é em enxoval). A Coca-Cola apoiou o evento desta quarta, exclusivamente.

"(A economia) Está dentro de um dos nossos pilares. São tempos de fazer assim, até como gostaríamos, uma coisa mais a altura dos atletas. Está bom, está satisfatório. O que importa é o reconhecimento para eles", comentou Paulo Wanderley, em declaração ao Olhar Olímpico. Até o comportamento dele, aberto a conversar com a imprensa e com convidados, destoa de seu antecessor, Carlos Arthur Nuznam, que parecia sempre estar numa festa à parte.

Apesar do enxugamento da festa, com menos convidados (basicamente cartolas, atletas premiados e suas famílias), o modelo de premiação foi o mesmo. Um troféu para o melhor do ano em cada modalidade, apontados por um júri, e dois prêmios para os melhores do ano: um determinado por esse júri (ganharam Marcelo Melo, no masculino, e Mayra Aguiar, no feminino) e um a partir de votos dados na internet. Caio Bonfim, do atletismo, surpreendeu e ganhou o "Atleta da Torcida".

José Roberto Guimarães, no esporte coletivo, e os Mario Tsutsui e Kiko, no esporte individual (eles trabalham com Mayra Aguiar), ganharam como melhores técnicos do ano. Lars Grael foi o homenageado da vez, recebendo o Troféu Adhemar Ferreira da Silva.

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.