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Olhar Olímpico

Novo fenômeno da natação bate mesmo recorde mundial 3 vezes em um dia

Demétrio Vecchioli

23/03/2018 09h23

Dressel se prepara para mais um recorde mundial (divulgação/NCAA)

A natação mundial nem teve tempo de sentir saudades de Michael Phelps. Um novo rei já está mais do que nomeado: está coroado. Na quinta-feira, isso ficou mais do que claro no segundo dia da fase final da NCAA, a liga universitária norte-americana. Caeleb Dressel não só quebrou o recorde mundial das 50 jardas livre como estraçalhou a antiga marca. Mais do que isso, ao longo do dia, melhorou o recorde três vezes.

Na natação universitária norte-americana, as provas acontecem sempre em piscinas medidas em jardas, de 25 jardas. Isso dificulta um pouco uma comparação com o que poderia ser um resultado em uma piscina longa de 50 metros. Ainda assim, Dressel deixa uma certeza: ele é muito, muito rápido.

Basta lembrarmos que Cesar Cielo bateu o recorde mundial da distância em 2008, quando ainda nadava pela Universidade da Auburn: 18s47. Foram oito anos de reinado do brasileiro, até surgir Dressel. O recorde caiu pela primeira vez em 2016 e, desde então, o norte-americano o tem melhorado. Até 24 horas atrás, era 18s20.

Nas eliminatórias dos 50 livre, pela manhã, fez 18s11. Depois, já à tarde, abrindo a final do 4×50, quebrou a barreira dos 18 segundos com 17s81. E, mesmo cansado, voltou a ser ainda mair rápido. Na final dos 50, cravou 17s67. Em um dia, ele baixou quase meio segundo o recorde mundial da prova mais rápida da natação. E ele já é oito décimos melhor do que Cielo, ainda o segundo do ranking histórico. Detalhe: Dressel tem as 13 melhores marcas e, o brasileiro, só a 14ª.

Ainda que já esteja no último ano de elegibilidade universitária, aos 21 anos, Dressel ainda é um garoto para a natação de alto rendimento. E, mesmo assim, acumula conquistas. No Mundial do ano passado, ganhou os 50m e os 100m livre e os 100m borboleta. Nos 50m borboleta, ficou em quarto, mas com recorde nacional. Com sete medalhas de ouro, se tornou o maior medalhista homem de uma só edição do evento, igualando o que fez o próprio Phelps em 2007.

Em Budapeste, impressionou a forma como nadou. Nos 100m livre, bateu duas vezes o recorde norte-americano: uma no revezamento 4x100m livre (foi o único americano a nadar mais rápido que seu rival brasileiro, no caso Gabriel Santos, garantindo o ouro para os EUA) e outra na final da prova individual.

Depois, ganhou três medalhas em um só dia, sempre com marcas impressionantes. Nos 50m livre, fez o melhor tempo da história sem os trajes tecnológicos. Nos 100m borboleta, ficou a 0s04 de bater o recorde mundial de Michael Phelps, na segunda exibição mais rápida de todos os tempos. Isso cerca de 40 minutos depois do feito nos 50m livre. Detalhe: ninguém nunca bateu um recorde estabelecido por Phelps com os trajes tecnológicos.

Alguém duvida que é só questão de tempo?

 

 

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.