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Olhar Olímpico

Acuado, presidente do atletismo tira férias e não irá a assembleia decisiva

Demétrio Vecchioli

23/03/2018 21h49

Nota oficial da CBAt

São cada vez maiores os indícios de que Toninho Fernandes não chega à próxima terça-feira como presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Nesta sexta-feira, depois de ser derrotado na eleição por uma vaga no Conselho de Administração do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Toninho assinou um ofício informando que estava entrando de férias. Até o dia 20 de abril, a presidência da CBAt está com o médico Warlindo Carneiro, vice-presidente.

O período de férias, bastante incomum nas confederações olímpicas, que fazem recesso de final de ano (a própria CBAt ficou parada por 20 dias), vem exatamente na véspera da assembleia geral da confederação, marcada para a próxima segunda-feira em um resort no interior de São Paulo.

Em diversas ocasiões, inclusive em contato com os atletas com direito a voto e em ofício enviado às federações, Toninho informou que usaria a assembleia anual para se explicar com relação às denúncias feitas pelo Olhar Olímpico em dezembro. No comecinho do ano, um grupo de federações exigiu uma assembleia extraordinária para discutir o tema, mas Toninho pediu que se esperasse até a reunião da próxima segunda-feira.

Agora, conforme já se especulava, ele informa que não vai. Antes do pedido de férias, porém, Toninho assinou um ofício, datado de 26 de março (data da assembleia) e que já foi remetido às federações, no qual admitiu que não ofereceu hospedagem aos atletas que participaram do Troféu Brasil de 2014. Entretanto, na prestação de contas de um convênio com o Governo do Estado, ele juntou uma nota fiscal de R$ 555 mil, referentes a essa hospedagem que nunca aconteceu.

Para segunda-feira, há duas assembleias marcadas. Uma, pela manhã, ordinária, deve votar as contas da confederação, referentes a 2017. Outra, à tarde, discutir os problemas da CBAt, incluindo a denúncia feita por este blog, mas também a situação da Rede Nacional de Treinamento, que perdeu o convênio que tinha com o Ministério do Esporte por falta de iniciativa.

O movimento de Toninho, porém, não é claro. Em teoria, ele controla a maior parte da assembleia, de forma que se um pedido de afastamento fosse levado a voto, o presidente muito provavelmente conseguiria se safar. Porém, ainda é muito grande a influência do ex-presidente Roberto Gesta de Melo, que, como nenhum outro de sua geração, soube largar o poder e sair à francesa pela porta da frente. Não sem antes garantir a continuidade de sua gestão, pelas mãos de Toninho, que voltou a se reeleger em 2016, sempre sem oposição. Agora, há um grupo de descontentes, que acreditam que a CBAt pode queimar Toninho para sair da rota de investigações.

Havia uma especulação que Toninho poderia também deixar a CBAt pela porta da frente, para trabalhar com Paulo Wanderley. Mas a rejeição das urnas nesta sexta-feira mostrou que a proposta poderia não ser bem aceita no COB e é improvável que Paulo Wanderley compre essa briga. Após o resultado da votação ter sido divulgado, era visível o abatimento de Toninho na transmissão feita pelo COB no Youtube.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.