Topo

Olhar Olímpico

Varejão e Leandrinho sonham em pagar 'dívida' de títulos com a seleção

Demétrio Vecchioli

16/03/2018 14h16

Leandrinho, Marcelinho Machado, Varejão e Yago participam de evento do NBB (João Pires/LNB)

Tiago Splitter encerrou a carreira, mas Anderson Varejão e Leandrinho continuam desfilando seus repertórios pelas quadras, agora nas brasileiras. Ícones de uma geração que defende a seleção há mais de uma década e meia, os dois jogadores ainda não se veem aposentando a camisa verde e amarela. Pelo contrário. Ainda sonham com o dia em que consigam recolocar o Brasil no pódio de uma grande competição.

"Não sei até quando vou conseguir estar vestindo a camisa do Brasil, mas até falei com o Anderson antes de a gente voltar para o Brasil, que a gente tinha que dar o nosso último do último para trazer alguma coisa para o nosso Brasil. A gente muitas vezes ficou lá embaixo por não ter trazido uma medalha ou uma coisa importante e a gente precisa disso", diz Leandrinho.

O ala-armador reconhece que o período de queda de popularidade do basquete, não coincidentemente, veio durante a vida adulta de jogadores como ele e Anderson Varejão. A geração deles viveu uma relação de amor e ódio com a seleção, com ausências em momentos importantes, teve pouco contato com o público brasileiro e não entregou nenhuma medalha de Mundial ou Olimpíada. Quando os Jogos foram em casa e a esperança era de um resultado histórico, a seleção caiu na primeira fase.

"A gente está um pouco fraco nessa situação", reconhece Leandrinho, que quer quebrar esse tabu no Mundial do ano que vem. "Com esse elenco, com comissão, que tanta gente que está se esforçando para a gente trazer o que a gente precisa, tenho certeza que independente de ser o último (Mundial) ou não, a gente quer chegar junto."

Anderson, Leandrinho e Nenê têm a mesma idade – nasceram em 1982 – e fazem parte de uma geração que, acreditava-se, se aposentaria da seleção depois da Olimpíada do Rio. Mais jovens que eles, Tiago Splitter não suportou as seguidas lesões e parou aos 33 anos. Veteraníssimo, Marcelinho Machado vai se aposentar aos 43. Mas a reta final para Leandrinho e Nenê ainda parece estar longe de chegar, assim como para Marquinhos (33) e Marcelinho Huertas (34), por exemplo.

"A gente sabe que não somos mais garotos, mas temos uma experiência muito grande. Com essa geração a gente pode sim ajudar a quem sabe conseguir um resultado inédito para o Brasil, um resultado de mais peso", avalia Varejão, que lamenta os detalhes que tiraram o Brasil do caminho da medalha no Mundial da Espanha (2015) e na Olimpíada de Londres (2012). "Mas chega um momento que você não pode perder. Se você tivesse passado por esses jogos decididos nos detalhes, podia brigar por ouro até. Mas nessas competições você joga dia sim, dia não, e tem que estar sempre jogando seu melhor basquete."

Para o pivô, a oportunidade de jogar com mais regularidade com a seleção brasileira em território brasileiro, uma vez que o novo calendário mundial agora prevê eliminatórias tais quais do futebol, é um incentivo para jogadores e para o público. "Você não precisa entrar em forma, pegar ritmo. Você já vem jogando, com ritmo de jogo. E outra coisa positiva é poder jogar no Brasil, coisa que a seleção brasileira não faz com frequência. O meu objetivo é jogar mais um Mundial para o Brasil. Estou à disposição da seleção para o que precisarem de mim", avisa.

Após quatro vitórias nas quatro primeiras partidas, o Brasil lidera seu grupo na fase sul-americana das eliminatórias. Já classificado, pega a Venezuela dia 28 de junho e a Colômbia em 2 de julho, ambas partidas fora de casa. Doze times avançam e serão divididos em dois grupos de seis, com os três primeiros e o melhor quarto colocado se classificando para o Mundial. A primeira rodada desta segunda fase será entre o fim de agosto e o começo de setembro.

Tanto para a última rodada da primeira fase quanto para esta primeira rodada da segunda fase há a possibilidade de o técnico Aleksandar Petrovi convocar os jogadores que atuam na NBB e nos times da Euroliga. Ou seja: ele pode contar com Nenê Hilário e Marcelinho Huertas, especialmente.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.