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Olhar Olímpico

Darlan flerta com medalha, mas fica em quarto no Mundial Indoor

Demétrio Vecchioli

03/03/2018 10h24

(AFP PHOTO / Ben STANSALL)

Darlan Romani tinha tudo para se tornar, neste sábado, o primeiro brasileiro a subir ao pódio de um Campeonato Mundial de Atletismo nas provas de arremesso e lançamento. Em uma prova apertada, ele ficou a sete centímetros da prata no arremesso de peso e terminou no quarto lugar em Birmingham (Inglaterra), onde acontece o Mundial Indoor. Caso tivesse repetido o seu melhor resultado desse início de temporada, seria vice-campeão.

O resultado, de qualquer forma, é histórico para o Brasil no atletismo. Melhor, inclusive, do que o quinto lugar do próprio Darlan na Olimpíada do Rio. Ainda assim, porém, ficou um gosto amargo, porque o brasileiro tem se apresentado muito melhor do que sua prova deste sábado. Ele tem 21,68m na temporada (é o segundo do ranking) e 21,82m como recorde nacional, no ano passado. Em Birmingham, fez 21,37m.

"A gente vem batalhando para isso e a medalha escapou por um fio. Vamos continuar trabalhando, a gente não desiste e vamos em frente. Eu sempre quero mais", comentou o arremessador ao SporTV.

Logo em sua primeira tentativa, Darlan lançou 21,23m, alcançando o segundo lugar da prova, só atrás do neozelandês Tomas Walsh, único a chegar a 22 metros. O brasileiro não conseguia progredir, mas manteve a segunda colocação até a quarta rodada, quando tanto o alemão David Storl quanto o tcheco Thomas Stanek arremessaram 21,44m.

Darlan tinha duas chances para superar essa marca e chegar ao pódio. Na primeira delas, o sistema da IAAF registrou 21,37m e, depois, se corrigiu. O lançamento tinha sido de 21,09m. Já na sua sexta e última tentativa, sabendo que se passasse de 21,44m ele seria prata, Darlan aí sim registrou 21,37m. Ficou em quarto. Walsh ainda bateu o recorde do Mundial para fechar a prova: 22,31m.

Também neste sábado de manhã em Birmingham, Núbia Soares competiu no salto trilo. Com nível para brigar por medalha, ela foi eliminada no nono lugar, depois de três saltos (só as oito primeiras passam para saltar mais três vezes). A brasileira saltou 14,00m cravados e precisava de 14,03m para continuar na prova.

Núbia, porém, quase não participou do Mundial. Exatamente há um mês, ela perdeu o técnico e tutor dela, Tide Junqueir, que morreu. Em entrevista ao SporTV, a jovem de 21 anos chorou muito, disse que Tide era "um pai" para ela e revelou que desde então chora todos os dias. Na reta final da preparação para Birmingham, ela treinou com o filho de Tide, Paulo. Ao SporTV ela admitiu que, a partir de agora, vai estudar seu futuro e pensa até em treinar no exterior.

Seguiria, assim, o que fez a agora bicampeã mundial indoor Yulimar Rojas, venezuelana que foi para a Espanha para treinar com o cubano Ivan Pedroso. A equipe de Pedroso na Espanha também tem a campeã olímpica Caterine Ibargue, da Colômbia, e a espanhola Ana Peteleiro, bronze neste Mundial.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.