Paulo Wanderley minimiza falta de patrocínios e promete 'ippon' na crise
Grande parte das marcas que mais investem no esporte brasileiro estiveram presentes na manhã desta terça-feira no hangar da Gol no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para o lançamento do rating do Pacto pelo Esporte. Além delas, alguns poucos representantes de confederações e diversos dirigentes de peso, entre eles o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley.
Enquanto patrocinadores do porte de Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Vivo e Coca Cola se comprometem a exigir das entidades de administração do desporto (confederações e federações) uma nota mínima para patrociná-las, o COB se esforça em mostrar, para a sociedade e para as grandes empresas, que deixou para trás a gestão Nuzman, garantindo uma gestão mais transparente.
"É importante que a sociedade esteja entendendo, nossos stakeholders estejam entendendo nossas mudanças. Que a gente imprima uma marca, principalmente aderindo e fazendo parte do (rating) Integra. O esporte olímpico passa por diversos avanços e acompanha a necessidade de modernizar sua gestão. Os últimos quatro meses, 135 dias, desde que cheguei ao COB, foram de profundas transformações", discursou Paulo Wanderley, numa fala de 10 minutos, diante de empresários, ex-atletas e outros dirigentes.
O recado que o COB quer passar é de que as coisas estão mudando. No discurso, Paulo Wanderley falou do corte na estrutura (o blog já mostrou que as demissões passam de 40), na futura mudança da sede para o Parque Aquático Maria Lenk e do novo estatuto, que ampliou o espaço dos atletas no colégio eleitoral e criou novos órgãos internos, de administração e ética. E prometeu "vamos dar um ippon nessa crise, com ajuda de vocês".
"Vocês", no caso, não são só as confederações e os atletas, mas principalmente os patrocinadores. Desde 2010 e até 31 de dezembro de 2016, o COB viveu um período de "máscara", no qual não poderia ter patrocinadores individuais – recebia uma verba substancial para ter sua marca atrelada aos dos patrocinadores dos Jogos Olímpicos do Rio. Em 1º de janeiro de 2017, o COB se viu sem nenhum apoiador e sem expertise para ir ao mercado.
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O planejamento sempre foi dar um passo atrás para poder enfim caminhar, mas aí veio a prisão de Carlos Arthur Nuzman e crise institucional na qual o COB se afundou. Catorze meses depois do fim do período de máscara, além do fornecedor de material esportivo, o COB não tem patrocinadores que injetem dinheiro nas suas contas – os apoiadores atuais trabalham na base de permuta.
"Esse é um processo no qual estamos trabalhando, não tem definição. Estou trabalhando com a equipe toda nesse sentido. Não admito que o comitê não possa ter um produto a ser vendido entre as empresas. Estamos trabalhando nesse sentido. Depende do empresariado, dos patrocinadores entenderem o COB como eu entendo", comentou Paulo Wanderley, em entrevista ao Olhar Olímpico.
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Paulo Wanderley, porém, nega que o COB esteja passando dificuldades financeiras por conta disso. "Até o momento, de efeito prático, nada. Tudo que estava em andamento continua em andamento. Terminamos a participação em PyeongChag, deu tudo certo. Não houve impacto em treinamento de atletas e em competições internas", afirmou, antes de ponderar: "Mas evidente que o que vier vai somar".
Um alívio foi a decisão tomada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) antes dos Jogos de Inverno de revogar a suspensão ao COB. Na prática isso significou ao comitê brasileiro receber mais de US$ 2 milhões que estavam bloqueados de 2017 e garantir mais US$ 3 milhões de 2018 – a verba é referente à participação do Brasil no rateio das verbas de patrocinadores do COI.
Durante o discurso desta manhã, Paulo Wanderley fez questão de contar que, em PyeongChang, encontrou-se com o presidente do COI, Thomas Bach, e ouviu deles elogios. "Encontrei com o Bach e escutei que ele estava realmente satisfeito com as movimentações que ocorreram no Brasil a partir de outubro", afirmou.
Só Bach pode confirmar o teor da conversa, mas Paulo Wanderley de fato tem sido elogiado. O rating lançado nesta terça-feira, por exemplo, foi uma iniciativa dos presidentes das confederações de esporte no gelo e rúgbi e do Comitê Paraolímpico do Brasil (CPB). Paulo Wandeley, então na Confederação Brasileira de Judô (CBJ), veio logo em seguida. Esse histórico de "boa vontade" com boas práticas joga a favor dele.
Agora em uma nova cadeira, na presidência do COB, Paulo Wanderley faz parte do chamado "comitê gestor", junto com os comitês paraolímpico e de clubes, o Instituto Ethos e a Atletas pelo Brasil, além de três membros independentes especialistas nas áreas jurídica, de governança e de compliance. Nos últimos meses de 2017, o COB chegou a se afastar do movimento, mas se reaproximou a tempo de participar do evento desta manhã.
No rating, as confederações e federações voluntariamente aceitam participar a preenchem 420 perguntas. Um avaliador checa a conformidade das respostas e, dentro dos parâmetros pré-estabelecidos, dá uma nota (A, B, C, D ou E) para cada essas entidades. As que forem aprovadas terão seus nomes divulgados, ficando aptas a serem patrocinadas pelas empresas signatárias do Pacto.
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