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Olhar Olímpico

Academia olímpica de R$ 9 milhões quase foi embora, mas ficará no Rio

Demétrio Vecchioli

20/02/2018 04h00

As pessoas envolvidas com os Jogos Olímpicos do Rio batem na tecla de que uma coisa é o "modo Jogos" e outra completamente diferente é o "modo legado". O primeiro, todo mundo sabe, acabou há um ano e meio. O segundo ainda parece engatinhar. Um exemplo disso é que só nesta terça-feira é que a prefeitura do Rio vai inaugurar uma academia montada com equipamentos de última geração utilizados durante a Olimpíada. Apesar do atraso, a conquista vale comemoração. É que por pouco os aparelhos, que valem R$ 9 milhões, não voltaram para a Itália.

Fornecedora oficial de equipamentos de fitness da Rio-2016, a italiana Technogym lançou, antes dos Jogos, uma campanha denominada "Let's Move For Rio". Cada exercício físico feito por um atleta olímpico nas academias montadas durante as Olimpíadas foi convertido numa unidade de medida. Pela campanha, a Technogym prometeu doar "600 equipamentos de ginástica" para os centros esportivos das comunidades carentes do Rio.

A Paraolimpíada acabou em setembro de 2016 e, desde então, esses equipamentos estavam guardados em um galpão. Diante da dificuldade de nacionalizar os aparelhos, que entraram no Brasil graças à lei olímpica, com prazo para irem embora, como "importação temporária", a empresa italiana passou a considerar levar os equipamentos de volta para a Itália. A subsecretária de Legado Olímpico da Prefeitura do Rio, Patrícia Amorim, ex-presidente do Flamengo, porém, conseguiu que os aparelhos fossem de fato doados.

"Inicialmente, ninguém se interessou em correr atrás disso, mas eu fui atrás. Conversei várias vezes com o prefeito (Marcelo Crivella), porque sabia que ia demandar apoio político. Envolvia ministério, receita federal. Fui até onde eu podia como subsecretária e depois comecei a ir no gabinete dele (Crivella) e ligar do telefone dele para as pessoas. Foi uma novela interessante, mas uma novela com final feliz", diz Patrícia.

Foi dela também a iniciativa de mudar os planos. Os "600 equipamentos", que viraram "495 itens" (a Technogym alega erro de comunicação à época), não serão levados às chamadas Vilas Olímpicas, que são clubes comunitários em bairros carentes do Rio. Ficarão em duas academias, montadas na Arena Carioca 3 (tocada pela prefeitura no Parque Olímpico da Barra) e no Parque Radical de Deodoro.

"A gente tem equipamentos muito específicos. Por exemplo, equipamentos que simulam a canoagem. Isso tem que estar em Deodoro, onde treinam os atletas da canoagem. Não adianta você levar para Vila Olímpica de Padre Miguel, onde as pessoas não têm esse tipo de iniciação esportiva", argumenta. A inauguração da academia será nesta terça-feira.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.