Patinador vira símbolo de ativismo gay e compra briga até com vice de Trump
Há seis anos, Tom Daley foi coroado como o queridinho dos britânicos nos Jogos Olímpicos de Londres sem ainda ter tornado pública sua orientação sexual, revelada só no ano seguinte. As portas continuaram abertas para Daley e, na quarta-feira, ele anunciou que ele e o marido Lance Black serão pais. No esporte, ele é o precursor de um movimento de aceitação de atletas assumidamente homossexuais, que agora atinge um novo patamar com o patinador Adam Rippon, o grande nome dos Jogos de Inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul.
Ainda que seja cinco anos mais velho que Daley, Rippon nunca escondeu sua orientação sexual. Mais do que isso, chegou a PyeongChang defendendo a bandeira da diversidade, como primeiro atleta norte-americano assumidamente homossexual a participar de uma Olimpíada de Inverno. E, depois, também o primeiro a ganhar uma medalha – de bronze, na prova por equipes.
Um feito esportivo que, por si só, deixaria Rippon longe das manchetes. Mas o patinador, que disputou sua primeira Olimpíada aos 28 anos, idade na qual a maioria dos grandes patinadores já pendurou os patins, tinha uma mensagem clara a passar. Mais do que um rostinho bonito, extremamente carismático, Rippon não tem papas na língua. Nem vergonha de ser quem ele é. Nas redes sociais, aparece de sunga de oncinha e bolsa feminina.
Não à toa, em seu perfil no Twitter, há uma postagem fixada no topo: "Há pouco tempo me perguntaram em uma entrevista como era ser um atleta gay. Respondi que é exatamente igual a ser um atleta heterossexual. Muito trabalho duro. Mas normalmente o faço com as sobrancelhas mais bonitas".
A história do garoto que não desistiu do sonho de ser patinador, trocou a Pensilvânia por Los Angeles, com o bolso vazio, dormindo na academia, tudo para um dia disputar uma Olimpíada, atraiu não só a mídia esportiva norte-americana, mas também revistas ligadas a moda e estilo. E Rippon virou um rosto popular e polêmico.
Em uma entrevista ao US Today, um mês atrás, Rippon não poupou críticas a Mike Pence, vice-presidente dos Estados Unidos, que representou Donald Trump em PyeongChang. Perguntado se iria ao encontro diplomático entre atletas e presidência, antes dos Jogos, avisou que não. "Se refere a Mike Pence, o mesmo Mike Pence que financiou terapias de conversão para gays? Estou de boa", disse. "Pessoalmente não tenho nada a dizer para Mike Pence. Se me derem a oportunidade de falar após a Olimpíada, prefiro falar com pessoas cujas vidas foram afetadas pela legislação que ele levou adiante".
Pence é uma das vozes mais ativas entre os conservadores republicanos contra os direitos da comunidade LGBT nos Estados Unidos. Mas nega que, em sua campanha ao Congresso em 2000, tenha defendido a chamada cura gay – hoje, diz que o método é ultrapassado.
A declaração ao US Today deu pano para manga. Já em fevereiro, o mesmo jornal publicou que assessores de Pence chegaram a procurar Rippon para um encontro fechado, de forma a aparar arestas. Mas o patinador teria reforçado a negativa. Pence tratou a notícia como "fake news" e atacou o jornal. No Twitter, tentou colocar panos quentes. "Rippon, quero que você saiba que estamos aqui por você. Não deixe que notícias falsas te distraiam. Estou orgulhoso de você e todos os nossos grandes atletas", contemporizou Pence.
* Imagens: Reprodução/Instagram
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