Aos 41, Clark defende legado nos esportes de inverno em última Olimpíada
Logo mais às 23 horas (de Brasília) desta quinta-feira, em PyeongChang (onde já será sexta-feira), Isabel Clark vai subir na prancha de snowboard para iniciar a última participação olímpica daquela que é a maior e mais vitoriosa atleta de inverno do esporte brasileiro. Nona colocada nos Jogos de Turim, em 2006, Isabel dificilmente vai repetir o resultado na Coreia do Sul, mas isso é o que menos importa neste momento. Aos 42 anos, ela tem mais que um terço da vida entre as 20 melhores do mundo, um feito impensável para uma atleta de um país que não tem neve.
"O legado maior, por enquanto, foi o resultado histórico em Turim, que colocou o snowboard no radar dos brasileiros", avalia Isabel, que decidiu pela aposentadoria antes mesmo de competir em PyeongChang. "Fico muito feliz de viver tudo isso, principalmente essa união com o Time Brasil, porque geralmente estou sozinha. Sinto falta disso, talvez esse seja minha maior dificuldade, de não ter mais gente, mais atletas", conta.
Esperar um grande resultado de Isabel na Coreia seria injusto. Em dezembro, a carioca sofreu uma lesão no ombro durante uma etapa de Copa do Mundo na Itália e, desde então, não conseguiu voltar às competições. "Caí errado, foi um susto muito grande, porque senti muita dor – como nunca antes na vida. Mas felizmente os exames deram que não quebrei nenhum osso, apenas um edema na zona do pescoço. O processo de recuperação foi lento, como se imaginava em uma lesão desse tipo. Por não ter fratura, eu até esperava conseguir recuperar mais rápido, mas as dores estavam fortes no começo. Foi uma batalha, mas agora estou recuperada."
Para piorar, no segundo e último treino oficial em PyeongChang, na quarta, ele voltou a se machucar. Pelo que relatou o COB, ela foi atingida por uma rajada de vento e acabou pousando antes do local ideal após um salto. Com dores no calcanhar e no joelho direito, passou por exames que não identificaram fratura. Mesmo assim, será reavaliada para saber se terá condições de competir.
A fase qualificatória do snowboard cross começa às 23h (pelo horário de Brasília), com as eliminatórias a partir da 1h15. As 30 competidoras primeiro fazem tomadas de tempo e, depois, são divididas em quatro baterias de quartas de final, sempre em descidas únicas, com as 12 primeiras avançando para a semifinal. Depois, as três primeiras de cada bateria semifinal vão decidir as medalhas
Avançar à semifinal já seria um grande resultado para Isabel, que não passou às quartas de final em Vancouver (Canadá) em 2010 e, em Sochi (Rússia), ficou em quarto em sua bateria de quartas de final (as três primeiras avançavam).
"Temos uma equipe bem completa ao nosso lado, ajudando bastante. Estou fazendo o melhor que posso a cada dia, me preparei o melhor possível, inclusive psicologicamente. Quero chegar no dia do torneio com o físico e a cabeça boa para alcançar um bom resultado", respondeu Isabel, quando perguntada pelo blog sobre a chance de repetir o Top10.
A brasileira deixa claro, porém, que essa é sua última Olimpíada, mas não o fim de sua carreira. "Estou extremamente feliz por ser minha última Olimpíada, que exige uma preparação muito grande. Mas minha vida é o snowboard, por isso não vou parar totalmente. Vou vendo torneio a torneio, etapa a etapa onde ainda consigo chegar. Se uma hora perceber que não dá mais, aí paro de vez."
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