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Olhar Olímpico

COB revela que Paulo Wanderley recebia R$ 23 mil ao mês para ser vice

Demétrio Vecchioli

31/01/2018 12h57

Nuzman e Paulo Wanderley (Heitor Vilela/COB)

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) enfim revelou, em seu site, depois de assumir tal compromisso com o Ministério do Esporte, quanto paga de salários a cada um de seus dirigentes e funcionários. Os dados disponíveis remetem ao início de 2017 e, entre salários astronômicos já revelados pela ESPN e pela Folha, a grande novidade é o fato de os dirigentes estatutários serem assalariados. Isso inclui Paulo Wanderley Teixeira, ex-vice e atual presidente, e Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente.

Nuzman sempre negou ser assalariado pelo COB, da mesma forma que o comitê sempre afirmou que não remunerava seus dirigentes estatutários. Agora, porém, essa versão cai por terra. Até setembro, um mês antes de ser preso e renunciar ao cargo, Nuzman recebia R$ 23.634, o que dava pouco mais de R$ 17,5 mil líquidos. O mesmo salário era pago a Paulo Wanderley, então vice-presidente da entidade. Agora presidente, ele continua recebendo o mesmo valor.

Chama atenção que não constam salários para Nuzman nos meses de janeiro a abril, mas em maio ele recebeu R$ 118 mil, o que equivale a cinco meses de vencimentos. Da mesma forma, em maio, Paulo Wanderley recebeu o equivalente a dois salários, possivelmente referentes a abril e maio – até março, ele ainda era presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ). De acordo com o COB, os valores eram pagos com recursos privados – ou seja, os recebidos de patrocinadores.

Em nota, o COB explicou que Nuzman foi remunerado apenas entre janeiro e outubro de 2017 e que, anteriormente, não recebia essa remuneração por decisão própria. O comitê ainda reforçou que a remuneração dos dirigentes estatutários está em conformidade com o que dispõe um artigo do decreto que regulamentou a Lei Piva, em 2013, e que dirigentes do Comitê Paraolímpico e do Comitê de Clubes, além dos das confederações, também têm direito a este salário.

Uma vez que são regulamentados, os recursos da Lei Agnelo/Piva só podem pagar salários até um teto. Assim, o COB dividia os rendimentos de seus principais dirigentes. Agberto Guimarães, diretor executivo de Esporte, por exemplo, faturava R$ 47 mil pela Lei Piva e outros R$ 30 mil com recursos privados. Sergio Lobo, secretário geral, ganhava ainda melhor: R$ 47 mil + R$ 45 mil. Um total de mais de R$ 92 mil ao mês, brutos.

Já há algum tempo, desde a gestão Nuzman, o COB mantém em seu site um documento no qual comparou os salários de seus funcionários com uma média de mercado, mostrando que paga muito acima do usual. A gerente de recursos humanos, por exemplo, recebe R$ 40 mil ao mês. Técnicos contratados pelo COB, como Torben Grael (vela), Jesus Morlán (canoagem) e Carlos Alberto Cavalheiro (atletismo) ganham R$ 37 mil, mais do que o dobro do valor da Bolsa Pódio para campeões mundiais. Marcos Goto (ginástica) fatura R$ 25 mil só do COB .

 

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.