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Olhar Olímpico

Candidato a vice do COB, Marcel revela meta: não virar um 'cartola'

Demétrio Vecchioli

20/01/2018 04h00

(Reprodução/Facebook)

Aos 61 anos, Marcel de Souza, o Marcel do basquete, é o candidato dos atletas para o cargo de vice-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Aposentado há quase um quarto de século, ele já foi dirigente de clube, gestor público e candidato a vereador em Jundiaí (teve 225 votos em 2012). Agora, quer representar os atletas em uma eleição na qual o grande favorito é o presidente da Confederação Brasileira de Esgrima (CBE), Ricardo Machado, que deverá ter o apoio do presidente do COB, Paulo Wanderley, e da maioria das confederações.

"Eu estranho como um ex-atleta vai se transformando em cartola e se afasta dos ideais e isso que quero evitar. Acredito que eu possa ser uma ligação entre essas pessoas que são consideradas cartolas e foram atletas e os atletas em sim. Já estou com 61, já não jogo mais, mas ainda guardo dentro de mim, quando falo de esporte, o coração do jogador de basquete", diz Marcel.

Medalhista de ouro do Pan de Indianápolis, Marcel é mais velho, por exemplo, que o membro brasileiro do COI, Bernard Reijzman, que nasceu alguns meses depois. Entretanto, não quer ser visto, como o ex-astro do vôlei, como um representante da classe dos cartolas.

"Eu nunca fui um cartola, apesar de ter sido gestor público. Fui diretor do Pacaembu, do Centro Olímpico, fui dirigente de clube, mas nunca fui um cartola. Muitos dirigentes são ex-atletas, como Nuzman era, o Padilha era, e não sei qual o mecanismo que faz alguém deixar de ser ex-atleta e virar cartola", comenta.

Marcel ficou sabendo pela imprensa que havia uma eleição para a vice-presidência do COB, com inscrições até 8 de fevereiro, e decidiu lançar sua candidatura. Conseguiu o apoio da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), depois de apoiar a eleição de Guy Peixoto à presidência da entidade, e o aval da ONG Atletas pelo Brasil.

Inicialmente, havia um consenso em torno do nome de Lars Grael, que possivelmente receberia o apoio de uma ala de dirigentes de confederações com perfil mais executivo, mas o velejador optou por não sair candidato. Nesta sexta-feira, ele participou de um almoço no Rio, organizado para promover sua candidatura, mas lá ele confirmou que não vai concorrer.

Na semana passada, o COB convocou uma "reunião de trabalho", convidando apenas os presidentes de confederações e deixando de fora os 12 atletas que fazem parte da assembleia geral, além de Bernard. Machado adiantou ao Olhar Olímpico que da reunião deveria sair uma decisão sobre o candidato de consenso das confederações, que têm 35 votos, contra 12 dos atletas. Após o encontro ser noticiado pelo blog, o assunto saiu da pauta.

Mesmo assim, deverá ser Ricardo Machado mesmo o candidato das confederações, atendendo um desejo de Paulo Wanderley de ter um vice de pouco brilho. Gaúcho, Machado só se tornou presidente da CBE no ano passado, depois de ser por muitos anos um vice de muito poder e se candidatar como oposição ao presidente Gerli dos Santos. Venceu as eleições, mesmo com forte oposição dos atletas, que não queriam nem um nem outro.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.