Principal equipe de atletismo do país fecha as portas
Chegou ao fim uma era no atletismo brasileiro. Principal equipe do país e responsável pela existência de um cenário profissional na modalidade, a B3 Atletismo fechou as portas. Em comunicado feito nesta segunda-feira primeiro aos atletas e, depois, à imprensa, o clube anunciou que deixa de existir em 2018. Os 57 atletas que tinham contrato no ano passado, além de 13 treinadores, não ficarão na mão nesta temporada e continuarão recebendo apoio a título de "patrocínio". Para 2019, o futuro de todos eles é uma incógnita.
A B3, que até o ano passada era a equipe da BM&F Bovespa, mudou de nome depois que, em março do ano passado, a bolsa se fundiu com a Cetip. Desde então especulava-se sobre a continuidade do clube, um oásis dentro do esporte brasileiro. Financiada sem dinheiro público, sem recorrer a Lei de Incentivo, a antiga BM&F deu continuidade à estrutura da vitoriosa Funilense e reinou como principal clube do país no atletismo ao longo de todo o século 21.
O apoio da BM&F ao atletismo começou em 1988, com o Prêmio Ouro Olímpico: barras de ouro entregues aos medalhistas dos Jogos Olímpicos de Seul. A partir de 1990, a então BM&F, em parceria com a Federação Paulista de Atletismo (FPA), começou a patrocinar atletas individualmente, criando seu clube no ano 2000, absorvendo a vitoriosa União Esportiva Funilense.
Só nos últimos anos é que o Pinheiros, pensando na Olimpíada do Rio, começou a dividir espaço e disputar os melhores atletas com a BM&F, conquistando inclusive o título do Troféu Brasil do ano passado. Exceto os dois, não pode-se dizer que há outras equipes profissionais no país, não pagando salários que permitam ao atleta se dedicar de forma exclusiva para brigar pela elite mundial.
Em 2018, a B3 ainda vai patrocinar os atletas que competiram por ela no ano passado. O clube sempre teve a prática de assinar contratos de uma temporada, renovando os acordos com os atletas que interessavam para o ano seguinte. Desta vez, não houve renovação, mas a garantia de que os valores de 2017 serão mantidos, agora como patrocínio – ou seja: sem carteira assinada. Também 13 treinadores continuam trabalhando por mais um ano.
Pelo que apurou o Olhar Olímpico, todos esses 57 atletas devem ser filiados pela Orcampi, equipe de Campinas que sempre foi uma espécie de satélite da B3. Um time B do clube de São Caetano do Sul. Agora, será a equipe A, que deverá bater de frente com o Pinheiros na temporada 2018. Para 2019, a não ser que surjam novos patrocinadores interessados em investimentos pesados na modalidade, o cenário é catastrófico.
Em nota, a B3 explicou que "passa a atuar a partir de 2018 direcionando seus recursos para atividades vinculadas a educação e formação de jovens para o trabalho", uma vez que "educação é um eixo estratégico para a B3 e um tema que permeia o negócio".
"Com esta definição estratégica, tem início agora um processo de transição da B3 Atletismo. Em respeito a uma história de 30 anos no esporte, e a fim de conduzir essa transição com o menor impacto possível, a B3 Social continuará apoiando o atletismo com aportes financeiros ao longo de todo o ano de 2018 e está em tratativas para a doação de todo seu acervo esportivo a outras instituições tradicionais do atletismo. A B3 reconhece e agradece a grande contribuição de toda a equipe, gestores, parceiros, patrocinadores e a imprensa esportiva em todos esses anos", completou a B3.
BM&F sofreu fusão com Setip.
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