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Olhar Olímpico

Japonês é suspenso por 8 anos por 'batizar' bebida de rival com doping

Demétrio Vecchioli

10/01/2018 09h42

Suzuki, à esquerda, de preto e a vítima, à direita.

O usual no esporte é um atleta consumir substâncias dopantes para ter ganho de performance e, assim, se aproximar dos objetivos traçados. Mas o japonês Yasuhiro Suzuki resolveu inovar. Ele batizou uma bebida de um rival com uma substância proibida, para que o adversário fosse flagrado em exame antidoping e suspenso, abrindo vaga para ele nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.

O caso foi revelado nesta terça-feira pela Jada, que é agência antidoping do Japão. De acordo com a agência de notícias Kyodo, a Federação de Canoagem do Japão também vai recomendar, em um encontro agendado para maio, que Suzuki, de 32 anos, seja banido do esporte de forma permanente.

O caso aconteceu no Campeonato Japonês de Canoagem Velocidade. Suzuki competiu nas provas de canoa e teve, como um dos seus rivais, o jovem Seiji Komatsu, de 25 anos. Juntos, eles fizeram parte da seleção do Japão que participou do Mundial do ano passado, na República Tcheca.

O Japão não tem tradição na canoagem velocidade, sendo que a China e os países da antiga União Soviética costumam ficar com as vagas regionais. Mas, por competir em casa em 2020, terá mais participantes na Olimpíada. Isso acirrou a rivalidade entre os canoístas locais a ponto de Suzuki fazer o que fez.

Ele não só sabotou a bebida de Komatsu, mas tentou fazer o mesmo com outros rivais, sem sucesso. Quando a federação investigou o caso e descobriu a culpa de Suzuki, ele admitiu o crime e disse que estava sob pressão com tantos jovens atletas crescendo e roubando seu lugar.

De acordo com a agência antidoping, essa é a primeira vez que um atleta é flagrado em exame antidoping por deliberada contaminação. Komatsu chegou a ser preventivamente suspenso, mas a federação aceitou revolver os resultados alcançados por ele no torneio.

Diretor da federação de canoagem,  Toshihiko Furuya pediu desculpas pelo incidente, que mancha a imagem do esporte japonês. "É uma perda significativa para o povo japonês, que levou anos construindo a esportividade como virtude", afirmou, sempre de acordo com o Kyodo.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.