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Olhar Olímpico

Brasileiro pego no doping na Rio-2016 é suspenso por 4 anos

Demétrio Vecchioli

09/01/2018 13h48

Reprodução/Facebook

Único brasileiro flagrado em exame antidoping durante os Jogos Olímpicos do Rio, Kleber Ramos, do ciclismo, foi enfim julgado pela comissão antidoping da União Ciclística Internacional (UCI). E a pena dele não foi nada branda: Bozó, como é conhecido no pelotão, foi suspenso por quatro anos. Desde 2016, porém, ele já se considera um atleta aposentado.

No exame surpresa realizado ainda antes do início da Olimpíada – a prova de ciclismo de estrada foi disputada logo no primeiro dia de competições – Bozó foi flagrado pelo uso da substância CERA, um agente estimulante com efeito semelhante ao do EPO.

Paraibano, Kleber estava com 30 anos e, ainda que fizesse parte da principal equipe do país, a Funvic, de São José dos Campos, até meses antes não era cotado para a vaga. Mas acabou sendo convocado, junto com Murilo Fisher, depois de vencer uma etapas do Tour de San Luis na Argentina e ser o melhor brasileiro no evento-teste dos Jogos. Na Olimpíada, não terminou a prova de resistência.

Em fevereiro passado, em uma postagem no Facebook, ele admitiu o doping. "Eu, como muitos atletas, na ansiedade e pressão sofrida por todos acabei por fazer uso de uma substância ilegal no período da preparação para os Jogos. Fui pego no doping, justo. Além da dor que me corrói todos os dias ao ir dormir e ao acordar por lembrar que não sou mais um ciclista profissional, encerrei minha carreira muito antes do tempo, decepcionei muitas pessoas".

Na mesma postagem, ele indicou que não foi o único a se dopar. "Se eu pudesse voltar no tempo, não posso dizer que teria feito diferente, porque não é assim que o ciclismo profissional tem funcionado. Infelizmente somos contaminados com todo tipo de informação e incentivo que nem sempre são positivos", escreveu à época.

 

A CERA é o grande problema do ciclismo brasileiro na atualidade. Além de Bozó, também foi flagrado em exames antidoping pelo uso dessa substância João Marcelo Pereira Gaspar (quatro anos, testou positivo em 2016). No fim de 2016, a Funvic chegou a ser suspensa pela UCI por causa dos seguidos casos de doping entre os ciclistas do time, que perdeu o patrocínio do Carrefour e da Shimano.

Atualmente, o Brasil tem nove ciclistas suspensos pela UCI por doping. Todos, com penas de mais de quatro anos. Em abril, o Olhar Olímpico listou um total de 16 ciclistas brasileiros suspensos por doping, considerando também as punições impostas no país – e não pela UCI. À época, o Brasil era o recordista mundial em suspensões.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.