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Olhar Olímpico

Mesmo em crise de conquistas, MMA mantém popularidade no Brasil

Demétrio Vecchioli

01/01/2018 04h00

A velha máxima de que brasileiro gosta é de vitória, não de esporte, pode estar caindo por terra. Uma pesquisa realizada pelo IBOPE/Repucom mostra que a popularidade do MMA no país manteve-se estável desde 2013, quando a modalidade viveu seu auge de conquistas no Brasil. Isso apesar da falta de ídolos e dos seguidos escândalos de doping envolvendo, principalmente, o ex-campeão Anderson Silva, talvez seu maior expoente.

Os números foram apurados na pesquisa Sponsorlink, que o IBOPE/Repucom trata como a maior do mundo especializada em esporte, questionando sobre o consumo de meios e comportamento de compra entre os superfãs de diferentes modalidades esportivas. A pesquisa tem como universo 77,1 milhões de internautas brasileiros com 18 ou mais anos de idade, sendo que a cada etapa são realizadas mil entrevistas.

Em setembro de 2013, 39% dos entrevistados disseram que eram "interessados" ou "muito interessados" em MMA. Naquela época, a modalidade vivia seu auge em termos de conquistas no Brasil. Naquele ano foram realizados sete eventos do UFC no país – até hoje um recorde – e, José Aldo era campeão e Anderson Silva havia acabado de perder seu cinturão após longo reinado. E outros atletas lutavam regularmente por cinturões, como Lyoto Machida, Vitor Belfort e Junior Cigano.

Quatro anos depois, o Brasil tem duas campeãs em categorias femininas, Cris Cyborg e Amanda Nunes, mas vive um momento de poucas relevância nas masculinas. Considerando os últimos dois anos completos, só três lutas por cinturões contaram com a presença de brasileiros: Demian Maia e José Aldo. E nenhum deles pode se orgulhar campeão.

Mesmo assim, porém, a popularidade do MMA no país mantém-se estável, oscilando entre 38% e 40%. O único período de baixa foi em abril de 2016, mas explica-se: é que, naquele momento, crescia o interesse do brasileiro pelas modalidades olímpicas, o que acabou deixando um pouco de lado as não-olímpicas, como o MMA. Passada a Olimpíada do Rio, o interesse já voltou à casa de 38%.

Na pesquisa mais recente, realizada em setembro passado, o índice de internautas "interessados" ou "muito interessados" pelo MMA voltou a 38%, caindo dois pontos percentuais na comparação com junho. A variação pode se explicar pelo fato de que, no comecinho de junho, José Aldo fez uma luta para 15 mil pessoas no Rio.

Para o ano que vem, há apenas um evento oficialmente agendado para o Brasil, por enquanto. Ele será em 3 de fevereiro, na Arena Guilherme Paraense, em Belém (PA), e terá como duelo principal a luta entre Lyoto Machida e Eryk Anders.

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.