Atletas se unem e CBAt tem abaixo assinado e movimento por impeachment

Toninho Fernandes. (divulgação/CBAt)

Forte candidato a ser escolhido como vice-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), na vaga aberta pela promoção de Paulo Wanderley a presidente, Toninho Fernandes agora tem uma preocupação mais urgente: continuar como presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Após reportagem publicada pelo Olhar Olímpico na semana passada, teve início um movimento barulhento que pede que Toninho seja, no mínimo afastado. Há quem vá mais além e cobre a saída definitiva dele do cargo.

Na reportagem, o blog mostrou que Toninho apresentou à Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude (SELJ) do Estado de São Paulo uma nota que, ao que tudo indica, é fria. A nota, de R$ 550 mil, cita 370 atletas que a confederação diz ter hospedado e alimentado durante o Troféu Brasil de Atletismo de 2014. O Olhar Olímpico já recebeu mais de 100 mensagens de atletas que aparecem na lista que negam terem recebido o benefício. É provável que ninguém tenha sido hospedado pela CBAt, que deixou claro no regulamento da competição que não pagaria por hospedagem e alimentação.

Leia: CBAt usou nomes de atletas para forjar nota e justificar gasto inexistente

A confederação, em nota ao blog, tentou jogar a culpa em cima dos técnicos e representantes dos clubes, alegando que eles que apresentaram a lista dos atletas que hospedariam – o que dezenas deles, em contato com o repórter, negaram. Em nota publicada em seu site, a CBAt criticou a reportagem, mas não contestou as informações.

Desde então, a pressão sobre a CBAt tem sido grande. O marchador Jonathan Riekmann lançou um abaixo-assinado pedindo o afastamento de Toninho, colhendo, até a tarde de ontem, mais de 1.600 assinaturas. Ainda que a lista faça barulho, o caminho que pode derrubar o presidente da CBAt é outro.

Reunindo diversas pessoas ligados ao atletismo, entre dirigentes, técnicos e atletas, a ADAB (Associação Desportiva Atletismo Brasil) lançou um manifesto criticando a postura da confederação e pedindo o afastamento de Toninho. "A CBAt não contestou nenhuma prova material contida nas denúncias, optou por publicar em seu website uma 'nota oficial' que não esclarece absolutamente nada. Exigimos que sejam investigados minuciosamente todos os convênios, contratos e prestações de contas, observado o direito de defesa", escreveu a entidade, em comunicado.

Nele, a ADAB cobrou publicamente que as federações estaduais se manifestem favoravelmente à convocação de uma assembleia extraordinária para discutir a situação da CBAt e afastar Toninho por 90 dias. Para isso, ela precisa do apoio de um quinto dos membros com direito a voto.

A associação aposta menos em convencer os presidentes de federações e mais os chamados "heróis olímpicos". É que, pelo estatuto da CBAt, todos os medalhistas olímpicos do atletismo têm direito a uma cadeira no colégio eleitoral.

E eles também soltaram comunicado criticando a CBAt. Nele, escreveram que as denúncias do blog são "graves e muito sérias" e asseguraram que "não serão" coniventes com qualquer ato ilícito que desfavoreça nossos atletas". "Nosso país não suporta mais esse tipo de coisa. Se houver culpados, que esses paguem no rigor da lei por cada ato de infração", escreveram, completando: "Contra fatos comprovados não há argumentos, que se aplique a forma da lei".

Na semana que vem, um grupo de atletas pretende levar uma denúncia até o Ministério Público Federal, relativa à reportagem do Olhar Olímpico. Ao mesmo tempo, a SELJ deve reabrir os convênios citados na matéria para fazer novo pente fino nas prestações de contas.