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Olhar Olímpico

Quatro anos após título, handebol feminino cai na 1ª fase do Mundial

Demétrio Vecchioli

08/12/2017 16h14

(divulgação)

Aconteceu com o basquete e, agora, também com o handebol. O Brasil chegou ao topo, foi campeão mundial, mas depois voltou diversas casas. Nesta sexta-feira, a confirmação. Quatro anos após um inédito título, a seleção brasileira feminina de handebol caiu na primeira fase do Mundial. Não por causa do empate em 23 a 23 com Montenegro, mas do inaceitável empate com o Japão na primeira rodada.

A campanha é a pior do handebol brasileiro desde 2003. A partir dali, Duda e Alexandra, que depois se tornariam melhores do mundo, começaram a se destacar em grandes clubes europeus, comandando uma melhora expressiva no nível técnico das jogadoras do país.

Não é coincidência que o grande passo atrás venha agora, no primeiro Mundial que o Brasil joga sem Alexandra e sem outras duas jogadoras que desbravaram a Europa em busca de crescimento para o handebol brasileiro: Dara, ex-capitão, e Dani Piedade. Duda e Babi continuaram no time, mas não conseguiram, apesar de muita tentativa, levar a equipe nas costas.

Pesou bastante na campanha decepcionante, também, a troca de treinador. Diversas vezes candidato a melhor do mundo, Morten Soubak não teve seu contrato renovado depois de fazer críticas à Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) e, sob o comando de Jorge Duñas, espanhol, o time não conseguiu mostrar poder ofensivo. A defesa até funcionou, mas não o ataque.

Além disso, com o corte no patrocínio dos Correios, a CBHb ofereceu menos oportunidades de treinamento ao time, que chegou sem o nível ideal de entrosamento para um campeonato deste tipo. Isso ficou nítido principalmente nos jogos iniciais, quando empatou com o Japão e sofreu para ganhar de um gol da Tunísia, duas equipes sem nenhuma expressão. Contra Dinamarca (perdeu de um gol) e Montenegro (empate), o time até não jogou mal, mas não teve o poder de decisão de outras vezes.

Como o Brasil tem ampla superioridade em termos continentais, o próximo desafio real da equipe será só o Mundial de daqui a dois anos, no Japão. Atá lá, a lista de aposentadas deverá ficar ainda maior. Por outro lado, há um número expressivo de jovens jogadoras chegando à Europa. A expectativa é que elas trilhem os caminhos pelos quais já passaram Duda, Ana Paula, Alexandra, e tantas outras.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.