Por São Paulo, Raí abandona a presidência da Atletas em momento-chave
Para voltar ao palco que o tornou conhecido nacionalmente e uma referência do esporte, Raí abandonou a carreira que construiu como voz mais influente pela mudança na gestão do esporte no país. Nesta quinta-feira, ao confirmar que aceitou o convite para ser o novo diretor de futebol do São Paulo, ele também comunicou aos seus colegas da ONG Atletas pelo Brasil que vai renunciar ao cargo. Só ainda não o fez por questões burocráticas.
A saída da presidência da Atletas, pouco mais de um ano após ser eleito, acontece em um momento chave não só para a ONG, mas para o esporte brasileiro. A Atletas vem de uma vitória histórica, na aprovação de um novo estatuto para o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e se prepara para aprovar no Congresso um pacote de leis que prometem causar bastante impacto no esporte. Além disso, junto com empresas privadas, está implementando o Pacto pelo Esporte e um rating para confederações.
Ainda que conte a atuação regular de diversos ex-atletas, como Magic Paula, Lars Grael e sua ex-presidente Ana Moser, a Atletas tinha em Raí seu presidente e porta-voz. Era o líder de todo esse movimento por um esporte melhor. Foi o agora diretor de futebol do São Paulo quem foi a Brasília para negociar com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma agenda de pautas esportivas na Casa, o "Dia do Esporte".
Também foi ele, sempre acompanhado de outros membros da ONG, a tratar com o COB sobre um novo estatuto, e também quem publicamente criticou o presidente Paulo Wanderley por não conseguir a aprovação de 12 atletas no colégio eleitoral. A decisão foi revertida, muito graças à pressão de membros da Atletas nas redes sociais. Sob o comando de Raí, a ONG vinha influenciando do Ministério do Esporte à Prefeitura de São Paulo, onde teve, até o mês passado, a secretária adjunta de esporte.
Ninguém dirá isso publicamente, mas a decisão de Raí causou desconforto entre alguns de seus colegas. Afinal, uma luta de grandes proporções, em diversas frentes, para mudar o esporte do país, foi deixada de lado por um cargo em um clube de futebol.
Sem Raí, que não teria como dedicar tempo aos dois cargos, a Atletas terá que realizar nova eleição para presidente. Como o grupo é unido, a escolha deverá ser em consenso. Magic Paula parece ser a favorita, uma vez que é quem tem perfil mais parecido do de Raí: nome nacionalmente reconhecido, influente, respeitada e admirada, e com tempo para o desafio – a sua ONG, a Passe de Mágica, tem equipe própria e caminha sozinha.
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