Topo

Olhar Olímpico

Eleição da CBDA terá dois candidatos e pode acabar na Justiça

Demétrio Vecchioli

08/12/2017 14h23

(Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

Duas chapas se inscreveram para participar da nova eleição da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, convocada por exigência da federação internacional, a Fina. Uma delas é encabeçada pelo atual presidente da entidade, Miguel Cagnoni, eleito em junho. A outra tem como candidato à presidência Ricardo Barbosa, da Federação de Esportes Aquáticos da Paraíba e que que formava a base de apoio ao ex-presidente Coaracy Nunes. Cyro Delgado, medalhista olímpico que foi o segundo colocado na eleição de julho, concorre como vice de Barbosa.

A nova eleição foi convocada na última segunda-feira, com prazo para inscrição de chapas vencendo nesta sexta. O pleito vai acontecer dia 20, no Rio. Na quinta-feira passada, o Conselho Executivo da Fina, reunido na China, tomou a decisão de exigir da CBDA novas eleições, uma vez que não reconhece aquela que levou Miguel Cagnoni ao poder. No dia seguinte, sexta, a confederação brasileira informou que acataria a decisão o quanto antes.

Ainda que tenha sido eleita num pleito que teve um colégio eleitoral com ampla maioria de clubes, a maior parte deles paulistas, Cagnoni parece ter conseguido mobilizar as federações estaduais, que na eleição do próximo dia 20 já voltarão a dominar o colégio eleitoral. Ele é amplo favorito na votação contra Barbosa, mas o pleito pode ser contestado judicialmente pela oposição.

Há diversos entendimentos controversos. A começar pelo fato de o antigo regimento interno da assembleia geral não ter sido considerado na convocação da eleição. A CBDA alega que o mesmo foi descartado em seu novo estatuto, mas isso não consta na ata da assembleia extraordinária quando o tema foi discutido, em agosto. A situação ainda alega que "seguir essa vetusta norma regimental significaria aguardar o mês de novembro de 2018 para candidaturas e necessidade de apoios de cinco filiados, dentre outros aspectos criados de forma antidemocrática", em referência ao regimento ser da época em que Coaracy Nunes era presidente.

Outro fato polêmico é a instituição de uma comissão eleitoral, que tem o advogado Marcelo Jucá. Responsável por avaliar a conformidade das chapas e hoje diretor jurídico da entidade, ele foi advogado da chapa de Miguel Cagnoni na eleição passada e é ligado ao atual presidente, que é um dos candidatos. Além disso, a assembleia geral de agosto, ao votar um novo estatuto, recusou a proposta de Miguel de instituir a comissão eleitoral.

Ainda assim, a CBDA formou a comissão. A entidade argumenta que ela foi rejeitada como "obrigação" e não como "possibilidade". Sobre Jucá, alega que ele é um de três membros da comissão, "o que traz lisura ao processo eleitoral, ainda mais pelo fato dos outros membros serem do STJD e dos atletas".

A partir deste novo estatuto, podem votar as 27 federações (com pelo seis), um clube de cada federação (cada um com peso um), cinco clubes representando as modalidades da CBDA (cada um com peso um) e um atleta (com peso seis, também).

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.