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Olhar Olímpico

Mesmo sem bandeira, atletas poderão usar uniforme da Rússia

Demétrio Vecchioli

05/12/2017 16h36

Russos até já apresentaram o uniforme que vão usar na Olimpíada

Ainda que o Comitê Executivo do Comitê Olímpico Internacional (COI) tenha decidido nesta terça-feira proibir a participação da Rússia como país na próxima edição dos Jogos Olímpicos de Inverno, em fevereiro, na Coreia do Sul, os atletas russos estarão em Pyeongchang e poderão competir inclusive com o nome do país escrito em seus uniformes. A decisão faz parte do documento divulgado no início da noite em Lausanne, na Suíça.

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Pelo que explicou o COI, só poderão competir nos Jogos de Inverno atletas convidados por um painel presidido pela francesa Valerie Fourneyron, presidente do ITA (sigla em inglês para Autoridade Independente de Testes). O painel vai incluir membros de outras entidades, incluindo a Wada e o COI. Só podem ser convidados atletas que se qualificaram para os jogos e que devem ser "considerados limpos".

Os convidados poderão participar tanto de competições individuais quanto das coletivas, o que resolve um problema principalmente ligado ao hóquei no gelo. Afinal, a federação internacional desta modalidade defendeu publicamente o direito da Rússia competir, uma vez que não há indícios de jogadores russos dopados.

Os russos, sejam eles atletas individuais ou equipes coletivas, vão competir como "Atleta Olímpico da Rússia", com a sigla em inglês OAR. Além disso, eles usarão um uniforme contendo esse nome e também a bandeira olímpica. Em qualquer cerimônia de pódio, a bandeira a ser hasteada será a dos anéis olímpicos – já foi assim no Mundial de Atletismo, mas com a bandeira da IAAF.

Chama atenção, porém, o fato de que os russos sempre fizeram questão de usar seus uniformes com a versão russo do nome do país: Россия. Agora, ao que tudo indica, o nome será em inglês.

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Além das restrições aos atletas, o COI também adotou uma série de medidas contra o movimento olímpico da Rússia. Nenhum líder da missão olímpica de Sochi-2014 pode estar na lista de convidados, assim como nenhum técnico ou médico cujos atletas já tenham sido punidos.

Não será concedida credencial para nenhum membro do ministério do esporte da Rússia, da mesma forma que o poderoso Vitaly Mutko, ministro do esporte e vice-presidente, está proibido de participar de qualquer Jogos Olímpicos futuros. Dmitry Chernyshenko, CEO dos Jogos de Sochi, também foi excluído da Comissão de Coordenação dos Jogos de Pequim-2022.

Presidente do Comitê Olímpico Russo (ROC, na sigla em inglês), Alexander Zhukov foi suspenso de sua função como membro do COI. Além disso, o próprio ROC vai ter que pagar uma multa de US$ 15 milhões, que vai contribuir para o estabelecimento da autoridade independente de testes, o ITA.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.