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Olhar Olímpico

Membro do COI, Bernard Rajzman é demitido pelo COB

Demétrio Vecchioli

05/12/2017 10h15

(divulgação/CBJ)

Único membro brasileiro do Comitê Olímpico Internacional (COI), Bernard Rajzman foi demitido do cargo de diretor de relações institucionais do Comitê Olímpico do Brasil (COB) nesta segunda-feira. Com a saída dele, o novo presidente da entidade, Paulo Wanderley, dá um importante passo em uma devassa nos funcionários de alto escalão herdados de seu antecessor, Carlos Arthur Nuzman.

Há duas semanas, o COB já havia dispensado outro importante executivo, Agberto Guimarães, diretor de esporte. Sérgio Lobo, secretário-geral e braço-direito de Nuzman, havia sido demitido no início do mês passado. Enquanto o ex-presidente ainda estava preso, o general Augusto Heleno, chefe do instituto olímpico, havia pedido demissão.

Dentre os dirigentes do COB com maior salário, a partir de lista que foi vazada pela ESPN há um mês, só não deixou seu cargo Edgar Hubner, responsável pela organização dos Jogos Escolares. O ex-vice-presidente André Richer, que passou mal no dia da primeira operação da Polícia Federal contra o COB, já havia se afastado por motivos de saúde.

Os cortes estão relacionados não só à ligação entre os dirigentes do alto escalão e Nuzman, mas também aos seus altos salários. Paulo Wanderley quer mudar a cúpula da entidade, ao mesmo tempo que precisa cortar radicalmente o orçamento do COB. No começo do ano que vem, a Câmara deve votar mudanças na Lei Piva e o texto do projeto de lei que está em discussão tira 60% da verba de manutenção da entidade.

Na semana passada, a Folha apontou que as demissões devem gerar uma economia de até R$ 5 milhões por ano, uma vez que não só a cúpula da entidade foi desligada, mas também funcionários de baixo escalão, como a mulher que cuidava da biblioteca. Em uma audiência na Câmara, Paulo Wanderley falou em cortar até 25% dos cerca de 200 funcionários. Por enquanto, cerca de 25 pessoas já saíram e o clima é de apreensão para as próximas demissões.

Demitido nesta segunda-feira, Bernard Rajzman é ex-jogador de vôlei e ganhou fama mundial como o inventor do saque jornada nas estrelas. Aposentado, foi secretário do esportes no governo do presidente Fernando Collor. No COB, foi por diversas vezes o chefe de missão do Brasil, inclusive nas últimas duas edições dos Jogos Olímpicos de Verão, em Londres e no Rio.

Em 2013, foi eleito membro da assembleia geral do COI. No ano anterior, Nuzman, que é membro honorário, perdeu seu direito a voto, uma vez que completou 70 anos. Desta forma, atualmente, Bernard é o único brasileiro na assembleia geral. Por esse status, ele segue tendo direito a voto na assembleia do próprio COB, que na quarta-feira se reúne para mais uma vez votar alteração em seu estatuto.

Em contato telefônico com o blog nesta terça-feira, Bernard disse que entende a decisão de Paulo Wanderley, que tem autonomia para renovar os quadros de direção do COB, e se colocou à disposição para continuar ajudando o movimento olímpico brasileiro.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.