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Olhar Olímpico

Brasil estreia no Mundial de Handebol de volta ao papel de coadjuvante

Demétrio Vecchioli

02/12/2017 04h00

(Mihaela Bobar/ActionFoto)

Foram bons tempos. Um Campeonato Mundial em casa, um histórico título mundial, a expectativa pela possibilidade do bicampeonato. Duas Olimpíadas jogando de igual para igual com as melhores equipes do mundo. Mas a fase áurea do handebol feminino do Brasil, ao que tudo indica, acabou. Um novo momento começa neste sábado, quando a equipe estreia no Mundial da Alemanha, às 4h45 (horário de Brasília), em Oldenburg, contra o Japão.

Quebrar a hegemonia das seleções europeias e chegar ao título mundial em 2013, na Sérvia, foi um feito e tanto para aquela que é, de longe, a melhor geração do handebol brasileiro. O resultado foi surpreendente, mas nem tanto. O mundo já sabia do potencial de Alexandra, Duda, Ana Paula e companhia, só não sabia se elas seriam capazes de levar tão longe um país sem tradição.

Levaram, como poderiam ter levado o Brasil à semifinal olímpica no Rio, depois de liderar o grupo na primeira fase, não fosse uma atuação muito abaixo da crítica contra a Holanda, nas quartas de final. Aquele jogo, porém, foi um divisor de águas. Ali, se aposentaram da seleção jogadoras importantes como as pivôs Dani Piedade e Dara. Também foi a última partida do técnico Morten Soubak, dinamarquês que revolucionou o handebol brasileiro e que não teve o contrato renovado.

Se dos Jogos de Londres para os do Rio o elenco sofreu apenas três alterações, da Olimpíada para o Mundial só se mantiveram oito atletas. Outras oito são novatas, a maioria delas já atuando na Europa. Alexandra, que está grávida, e Deonise, machucada, também não estão entre as 16 inscritas.

"Estamos iniciando um novo ciclo, com uma renovação, que é natural, ainda mais após alguns anos com a mesma base", diz a armadora Duda, ainda uma das melhores do mundo. Como quase todas as integrantes da seleção, ela atua na Europa (no caso, na Hungria), longe dos olhos dos torcedores brasileiros. Situação que, aliada ao momento técnico já não tão bom, tirou as meninas do handebol dos holofotes.

"Estamos competindo nos maiores campeonatos da Europa, enfrentamos as mesmas atletas que jogamos em Mundiais e Jogos Olímpicos. Claro que o ideal seria termos atletas atuando no Brasil, porém, aí teríamos quer ter muito mais fases de treinamento fora e isso sabemos que não é possível, pelo calendário dos clubes e por ser muito caro também", explica Duda, justificando a falta de ídolos jogando no Brasil.

Após enfrentar o Japão neste sábado, a seleção agora capitaneada pela goleira Babi encara a Tunísia, no domingo. Na sequência, tem pela frente a Rússia, na terça, a Dinamarca, na quarta, e Montenegro, na sexta. O planejamento é vencer os dois primeiros jogos, garantir vaga na próxima fase, e depois encarar as europeias brigando por uma melhor chave no mata-mata.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.