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Olhar Olímpico

Natação brasileira teve caso positivo de doping antes do Mundial

Demétrio Vecchioli

01/12/2017 04h00

Thiago Simon no Mundial deste ano (Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

Antes do bom desempenho no Mundial de Natação deste ano, o Brasil teve um atleta flagrado em exame antidoping pelo uso de substâncias proibidas. Desta vez, quem testou positivo foi Thiago Simon, campeão pan-americano dos 200m peito, em exame surpresa realizado cinco dias antes da abertura das provas de natação do Mundial de Budapeste, em julho. A contraprova já foi aberta, confirmando o resultado do primeiro teste, mas ele não foi suspenso preventivamente pela Federação Internacional, a Fina.

Simon e a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) foram alertados do resultado adverso ainda em setembro, mas o caso vem sendo mantido em sigilo até agora, como determina a legislação internacional. O nadador não participou do Campeonato Paulista, na primeira quinzena deste mês, alegando, segundo a Unisanta, seu clube, que estava com uma lesão no ombro. Simon está balizado para nadar o Troféu Open, na semana que vem, mas  também não deve competir.

Recordista sul-americano dos 200m peito em piscina curta, Thiago testou positivo para uma substância especificada, como são chamadas aquelas com menor possibilidade de serem consideradas aumentadoras de performance e, por isso, não recebeu punição provisória. O exame foi realizado em 18 de julho, em Rio Maior, Portugal, onde a seleção brasileira realizou um curto camping de treinamento. No Mundial, ele nadou apenas os 200m medley e decepcionou com um 19º lugar, longe inclusive da semifinal.

Por enquanto, Thiago, que trocou o Corinthians pela Unisanta há um ano, está em uma espécie de suspensão voluntária. Já se precavendo para o caso de ser suspenso após julgamento, ele optou por não competir nesta reta final de temporada. Caso venha a receber um gancho, este começaria a valer da data da colheita do exame, e não do julgamento.

Por causa disso, ele foi retirado da relação de inscritos pelo Brasil no Mundial Militar, que vai acontecer no Rio daqui a duas semanas. O exército, ao qual Thiago é vinculado, não detalhou se o nadador pediu para se desconvocado ou se a decisão partiu do próprio Ministério da Defesa.

Em nota, a CBDA confirmou que "foi copiada acerca de resultado de exames antidoping do atleta Thiago Simon", mas disse que maiores informações sobre procedimentos e sanções provisionais devem ser obtidas diretamente com a Fina (Federação Internacional), que foi quem conduziu os testes e processamento das amostras. A Fina não respondeu à reportagem.

A Unisanta, clube de Simon, foi procurada na manhã de quinta-feira pela reportagem do Olhar Olímpico e disse que seu departamento jurídico não foi informado do caso. O clube ainda alegou que não encontrou o nadador para que ele possa comentar.

Mais um caso – A natação brasileira vem sendo manchada por casos de doping nos últimos anos. Em 2014, João Luiz Gomes Jr testou positivo para um diurético durante o Mundial de Piscina Curta de Doha. Ele foi suspenso por seis meses e perdeu os resultados obtidos na competição, ainda que as três medalhas que o Brasil obteve com ele nadando as eliminatórias tenham sido mantidas.

Outro campeão do Pan de Toronto, Henrique Rodrigues foi pego no doping em março e está suspenso até março do ano que vem. Nadador do Sesi, ele conseguiu comprovar que o doping foi causado pelo contato com a pomada cicatrizante que sua esposa estava utilizando num pós-operatório. Ainda assim, levou um gancho de 12 meses.

Medalhistas no Mundial deste ano, Cesar Cielo, Nicholas Santos e Etiene Medeiros também já tiveram resultados analíticos adversos. Os três, porém, acabaram inocentados.

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.