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Olhar Olímpico

Com pai e irmão na cadeia, ministro assina TAC com COB a portas fechadas

Demétrio Vecchioli

24/11/2017 14h00

Dez dias depois da data programada para a assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério do Esporte e o Comitê Olímpico do Brasil (COB), nesta sexta-feira enfim o documento foi assinado por Leonardo Picciani, ministro do Esporte, e Paulo Wanderley, presidente do COB. Mas o evento, que deveria ser diante da imprensa, aconteceu a portas fechadas, no Rio.

É que nesses últimos 10 dias, muita coisa aconteceu. Também no COB, mas principalmente na família do ministro do PMDB. Na terça-feira passada, dia em que deveria haver uma coletiva de imprensa para tratar sobre o TAC, um dos irmãos dele, Felipe Picciani, foi preso e seu pai, Jorge Picciani, levado para depor. Nesta sexta-feira, depois de diversas reviravoltas, os dois estão detidos em Benfica, em penitenciária na zona Norte do Rio.

Não bastasse isso, Leonardo Picciani ainda foi acusado pelo delator Renato Pereira de ter cobrado propina para que a empresa do marqueteiro ganhasse contratos no Ministério da Saúde ainda na gestão Dilma Rousseff. Depois, já como ministro, no governo do presidente Michel Temer, teria agido para que a mesma empresa vencesse licitação do Ministério do Esporte. Picciani nega irregularidades.

De qualquer forma, os escândalos fizeram que Picciani ficasse oito dias sem agenda pública. Ele cancelou o evento de terça-feira passada e só voltou a ter sua agenda divulgada na terça, quando visitou o Ministério da Defesa. Na quarta, reuniu-se com uma série de deputados.

Nesta sexta, a assinatura do TAC com o COB aconteceu durante reunião do Conselho Nacional do Esporte, no Velódromo Olímpico, onde fica o Ministério do Esporte tem uma representação. A assinatura do documento não foi divulgada pelas assessorias de imprensa do COB ou do Ministério, mas foi informada ao Olhar Olímpico por uma fonte que estava presente ao encontro. O Blog do Ohata, também do UOL, publicou o TAC na íntegra.

Para o COB, o momento também não é bom. Na quarta-feira, a entidade votou seu novo estatuto, que vai muito além do que cobra o TAC firmado nesta sexta-feira, mas viu as confederações rejeitarem um item importante: o espaço para 12 votos de atletas no colégio eleitoral da entidade. Em uma votação polêmica, contestada por atletas e pela Confederação Brasileira de Rúgbi, que teve seu voto anulado, as confederações aceitaram dar apenas cinco votos aos atletas – contra 35 delas.

De qualquer forma, o TAC também é um importante avanço. No documento, o COB se compromete a enfim tornar públicos os relatórios de aplicação dos recursos da Lei Agnelo/Piva, além de realizar alterações em seu estatuto para se enquadrar o que determina a Lei Pelé. Essas alterações já foram aprovadas. Há duas semanas, escrevi sobre o TAC e você pode ler aqui.

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.