Parque Olímpico começa a atrair o poder, mas ainda carece de público
Quinze meses depois dos Jogos do Rio, o Parque Olímpico da Barra, principal legado esportivo para o país, continua enfrentando dificuldades para atrair espectadores. Exemplo disso foi a primeira partida do NBB na Arena Carioca 1, um duelo entre Vasco e Mogi, sábado à tarde, que reuniu pouco mais de mil torcedores, apenas. Em paralelo, porém, o Parque Olímpico começa a se consolidar como um local de concentração de poder. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) vai se mudar para lá e confederações como as de basquete e de wrestling pretendem fazer o mesmo.
Assim que foi criada, a Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO) iniciou um processo de procurar confederação por confederação para perguntar do interesse em levar sua sede para as estruturas administradas pela autarquia – ou seja: as Arenas Cariocas 1 e 2, o Velódromo e o Centro Olímpico de Tênis. No início, só ouviu respostas negativas.
Esse cenário, porém, está mudando, influenciado por duas decisões que nada têm a ver com a AGLO. Primeiro foi a prefeitura do Rio que criou uma nova subsecretaria de Legado Olímpico, presidida pela ex-nadadora e ex-presidente do Flamengo Patrícia Amorim. A nova pasta foi instalada na Arena Carioca 3, única sob responsabilidade da prefeitura.
Depois, o COB anunciou que no início do ano que vem vai deixar para trás o prédio alugado na Avenida das Américas, ali perto, para se mudar de mala e cuia para o Parque Aquático Maria Lenk, onde há quase uma década mantém um centro de treinamento. No Velódromo, onde fica a AGLO, também existe uma representação do ministério do Esporte, onde vira e mexe o ministro Leonardo Picciani dá expediente.
Ou seja: separados por poucos metros estarão o COB, o Ministério do Esporte, a AGLO e a prefeitura. Uma proximidade que interessa a confederações, ainda mais quando há um atrativo extra: não precisar pagar aluguel. Com um orçamento astronômico de R$ 150 milhões para o ano que vem, a AGLO será financiada pelo governo para fazer o parque olímpico vingar.
A Confederação Brasileira de Wrestling, por exemplo. Atualmente, ela paga um aluguel expressivo para ter sua área administrativa e um centro de treinamento na Tijuca. Na Arena Carioca 2, ao menos pelo que está sendo conversado, a cessão do espaço seria gratuita. Por enquanto, não há nenhum contrato firmado. A situação é a mesma da Confederação Brasileira de Basquete, que tem escritório num prédio comercial no centro e que pretende sair de lá.
As duas vão realizar eventos no parque olímpico esta semana. A de wrestling vai fazer o Campeonato Sul-Americano na Arena Carioca 2 e não precisará pagar aluguel para tanto. A de basquete mandará na Arena Carioca 1 o primeiro jogo do Brasil em casa pelas Eliminatórias do Mundial, contra a Venezuela. O contrato com a AGLO ainda não foi publicado em Diário Oficial, mas os ingressos custarão R$ 40.
A ideia da AGLO é que a Arena Carioca 1 se torne e a casa do basquete no Rio, num momento em que três times da cidade estão no NBB, e todos de grande torcida: Vasco, Flamengo e Botafogo. O contrato com o Vasco já foi publicado e o clube cruzmaltino não precisará pagar um centavo de aluguel, ao mesmo tempo em que poderá cobrar ingressos e, assim, lucrar com o espaço público.
Só que o primeiro jogo foi um fracasso de público. Pouco mais de mil pessoas assistiram ao jogo contra o Mogi, com pouco mais de 300 pagando ingresso, o que gerou uma renda de menos de R$ 5 mil. A partida foi transmitida pela televisão e as cadeiras vazias chamaram bastante atenção.
Já havia sido assim em outros eventos relevantes organizados no parque olímpico, como o circuito mundial de vôlei de areia, que vendeu apenas mil ingressos em dois dias. Em março do ano que vem, o primeiro grande teste internacional será o Mundial Paraolímpico de Ciclismo de Pista.
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