Futebol brasileiro lidera resultados adversos em exames antidoping
Nenhum outra confederação esportiva do mundo identificou tantos casos de uso de substâncias proibidas durante o ano de 2016 como a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Um relatório da Agência Mundial Antidoping (Wada) divulgado nesta quinta-feira mostra que, ao mesmo tempo em que manteve a liderança global em número de exames aplicados, a CBF apresentou uma média alta para o futebol de resultados analíticos adversos. Foram 25 em 2016, o que representa 0,5% das amostras.
Isso não significa que 25 jogadores brasileiros tenham sido suspensos, porque a Wada não tem acesso a esta estatística. A agência que regula o controle de doping no mundo apenas tem acesso aos dados que são incluídos no seu sistema, o ADAMS, onde são listados os exames e os respectivos resultados. Entre esses 25 casos, podem haver situações de uso permitido, excepcionalmente, dessas substâncias, a partir da Autorização de Uso Terapêutico (AUT), que até o ano passado era fornecida pela CBF – este ano, quem cuida desta área é o novo tribunal antidoping instalado em Brasília.
De acordo com o site a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), apenas cinco jogadores de futebol foram suspensos de forma definitiva em 2016.
Já há diversos anos a CBF realiza muitos exames a mais do que qualquer outra entidade esportiva que não as federações internacionais de algumas modalidades. Em 2016, foram 4.769 exames, todos eles de urina, contra 3.335 da Uefa e 2.753 da autoridade antidoping do Reino Unido.
O que mais assusta, porém, é o alto índice de resultados analíticos adversos. Foram 25 no ano passado, uma incidência de 0,5%. Na Uefa, esse índice é de 0,1%, enquanto que no futebol britânico chega a 0,4%. Entre as 20 confederações de futebol que mais realizaram testes no ano passado, o Brasil só fica abaixo, nesse índice, da Colômbia (0,7%) e do México, que tem taxa acima de 5%, com 23 casos positivos.
Com relação a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), chama atenção o baixo número de exames realizados por ela na comparação com outras "NADO's", que são as autoridades nacionais. No ano passado, foram apenas 2.327 exames, deixando o Brasil numa modesta 22ª colocação. Foram encontrados 47 resultados analíticos adversos, o que representa 2% das amostras, uma taxa que só não é mais alta do que Rússia e África do Sul.
Essa comparação, porém, é menos eficiente do que a entre confederações de futebol, uma vez que, de forma global, os casos em modalidades não-olímpicas são em muito maior número do que nas olímpicas e a proporção entre exames em uma ou outra modalidade tem grande influência na porcentagem final.
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