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Olhar Olímpico

Futebol brasileiro lidera resultados adversos em exames antidoping

Demétrio Vecchioli

26/10/2017 11h51

Nenhum outra confederação esportiva do mundo identificou tantos casos de uso de substâncias proibidas durante o ano de 2016 como a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Um relatório da Agência Mundial Antidoping (Wada) divulgado nesta quinta-feira mostra que, ao mesmo tempo em que manteve a liderança global em número de exames aplicados, a CBF apresentou uma média alta para o futebol de resultados analíticos adversos. Foram 25 em 2016, o que representa 0,5% das amostras.

Isso não significa que 25 jogadores brasileiros tenham sido suspensos, porque a Wada não tem acesso a esta estatística. A agência que regula o controle de doping no mundo apenas tem acesso aos dados que são incluídos no seu sistema, o ADAMS, onde são listados os exames e os respectivos resultados. Entre esses 25 casos, podem haver situações de uso permitido, excepcionalmente, dessas substâncias, a partir da Autorização de Uso Terapêutico (AUT), que até o ano passado era fornecida pela CBF – este ano, quem cuida desta área é o novo tribunal antidoping instalado em Brasília.

De acordo com o site a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), apenas cinco jogadores de futebol foram suspensos de forma definitiva em 2016.

Já há diversos anos a CBF realiza muitos exames a mais do que qualquer outra entidade esportiva que não as federações internacionais de algumas modalidades. Em 2016, foram 4.769 exames, todos eles de urina, contra 3.335 da Uefa e 2.753 da autoridade antidoping do Reino Unido.

O que mais assusta, porém, é o alto índice de resultados analíticos adversos. Foram 25 no ano passado, uma incidência de 0,5%. Na Uefa, esse índice é de 0,1%, enquanto que no futebol britânico chega a 0,4%. Entre as 20 confederações de futebol que mais realizaram testes no ano passado, o Brasil só fica abaixo, nesse índice, da Colômbia (0,7%) e do México, que tem taxa acima de 5%, com 23 casos positivos.

Com relação a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), chama atenção o baixo número de exames realizados por ela na comparação com outras "NADO's", que são as autoridades nacionais. No ano passado, foram apenas 2.327 exames, deixando o Brasil numa modesta 22ª colocação. Foram encontrados 47 resultados analíticos adversos, o que representa 2% das amostras, uma taxa que só não é mais alta do que Rússia e África do Sul.

Essa comparação, porém, é menos eficiente do que a entre confederações de futebol, uma vez que, de forma global, os casos em modalidades não-olímpicas são em muito maior número do que nas olímpicas e a proporção entre exames em uma ou outra modalidade tem grande influência na porcentagem final.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.