Topo

Olhar Olímpico

No Parque Olímpico, COB vai economizar R$ 3,6 milhões em aluguel

Demétrio Vecchioli

21/10/2017 04h00

(Heitor Vilela/COB)

Mais discreto que o antecessor, Paulo Wanderley, novo presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), assumiu o cargo de forma efetiva há apenas dez dias, mas já está causando impacto. Uma de suas primeiras ações, ao menos a de maior visibilidade, é a decisão de tirar a entidade do prédio alugado que ocupa desde 2006 para levá-la ao Parque Olímpico, mais especificamente no Parque Aquático Maria Lenk.

A suntuosa sede do COB, no comecinho das Avenida das Américas, a mais movimentada da Barra da Tijuca, era um dos orgulhos de Carlos Arthur Nuzman. Mas o dirigente, que deixou a cadeia na sexta-feira depois de 15 dias preso, já não é mais presidente do COB. Na semana passada, assinou, de dentro da prisão, sua carta de renúncia.

Diante da situação, Paulo Wanderley, ex-presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), assumiu o comando do COB, onde era vice, sem a obrigação de manter o legado do antecessor. Mais do que isso: cobrado pela opinião pública para não manter. Deixar a sede da Av. das Américas é um claro recado.

O aluguel do prédio já havia sido alvo de críticas do Tribunal de Contas da União, em 2013. À época, o órgão fiscalizador apontou entender "que o Comitê deve reavaliar o custo dessa decisão, pois há um prejuízo visível no sub-repasse para as confederações", uma vez que a conta era paga com recursos da Lei Agnelo/Piva.

O COB, à época, argumentou que precisava de uma sede com aquela metragem por causa de outras atividades correlatas, citando "o Instituto Olímpico Brasileiro, biblioteca, toda a área cultural e divulgação do olimpismo" e argumentando que, assim, não precisava "locar sistematicamente espaços e equipamentos para a realização de palestras, apresentações, reuniões técnicas e de trabalho e assembleias". Ainda citou a possibilidade de escolas visitarem o local.

A sede, de acordo com o relatório do TCU, é alugada desde agosto de 2005. O primeiro contrato estipulava um aluguel de R$ 100 mil por mês. Em 2010, o preço subiu de forma exponencial, para R$ 260 mil. Desde então, segundo o COB, os reajustes nunca mais foram tão grandes, de forma que, atualmente, paga-se R$ 300 mil por mês ali, o que gera um custo de R$ 3,6 milhões.

Esses valores não constam nem nas demonstrações financeiras dos últimos anos, nem no relatório de aplicação dos recursos da Lei Agnelo/Piva. Provavelmente estão inseridos, sem detalhamento, na rubrica "manutenção da entidade", que no ano passado custou R$ 41 milhões aos cofres públicos.

No Parque Aquático Maria Lenk, o COB não vai pagar aluguel, uma vez que, desde 2008, detém a concessão da estrutura, que foi construída para os Jogos Pan-Americanos. O contrato com a prefeitura do Rio garante que o espaço continuará a ser gerido pelo COB até 2028.

No Maria Lenk, o COB já mantém um elogiado centro de treinamento para preparação de atletas, não só os de modalidade aquática, com destaque para um laboratório inaugurado há pouco tempo. Ainda assim, há muitas salas sobrando, espaço que agora a parte burocrática do COB vai ocupar.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.