Sem Nuzman, COB deve cobrar dívida do Comitê Rio-2016
Enquanto Carlos Arthur Nuzman era presidente tanto do Comitê Olímpico do Brasil (COB) quanto do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016, o primeiro praticamente não cobrou do segundo uma dívida que, no ano passado, estava em mais de R$ 20 milhões. Agora que o dirigente preso não comanda mais nem uma nem a outra entidade, o cenário deve mudar.
"Tudo que legalmente eu puder fazer nas instâncias políticas e materiais, você não tenha dúvida que será feito. Agora, se eles têm dinheiro para pagar eu já não sei", disse, ao Olhar Olímpico, o novo presidente do COB, Paulo Wanderley. Vice-presidente eleito no ano passado em chapa com Nuzman, ele assumiu interinamente o cargo na quinta-feira, quando o presidente foi preso, e foi efetivado no cargo nesta quarta, quando Nuzman apresentou seu pedido de renúncia.
Paulo Wanderley, ex-presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) e eleito em uma composição política como representante das federações no comando do COB, chega agora à presidência sem qualquer tipo de cobrança para ser a continuidade do trabalho de Nuzman. Ou seja: nada o impede de seguir caminhos diferentes dos tomados pelo antecessor.
Sobre a cobrança da dívida, por exemplo, disse que não é "expert" em finanças, que tem assessores que o auxiliam e que os consultará para tomar a decisão a respeito do que será feito, "dentro da realidade". O problema é que a Rio-2016 tem uma fila de credores e o COB pode não ser escolhido para ser um dos primeiros dela.
O relatório financeiro do COB de 2016, revelado com exclusividade pelo blog em maio, aponta que em 31 de dezembro de 2016 a dívida do Rio-2016 com o comitê brasileiro era de R$ 23,058 milhões. O valor, porém, não bate com o apresentado no relatório financeiro do Rio-2016, ao qual o UOL também teve acesso: R$ 24,063 milhões. O valor sofreu alterações em 2017, mas o Rio-2016, quebrado, não honrou o parcelamento da dívida.
O relatório do COB, auditado pela Lopes, Machado, já colocava os R$ 23 milhões como provisão de perdas – ou seja: admitiu o risco de calote. Ali, aparece explicado que, "em função do não cumprimento dos pagamentos das três primeiras parcelas por parte do Rio-2016 foi efetuada provisão para perdas".
Em 2015, conforme contou o Blog do Rodrigo Mattos, o Rio-2016 reduziu o repasse de patrocínio ao COB. Historicamente, em todos os Jogos, o comitê organizador repassa um montante ao comitê olímpico nacional como uma forma de recompensar este por não poder firmar acordos com empresas concorrentes das patrocinadoras dos Jogos.
Pelo acordo inicial, seria repassado pelo Rio-2016 12% de todos os valores obtidos com patrocínio na Olimpíada, até um total de R$ 120 milhões, valor corrigido anualmente pela inflação a partir de 2009. Depois disso, o COB ficaria com 8% do excedente. Só que, em 2015, as duas partes refizeram a negociação, que colocou R$ 120 milhões como teto, sempre com correção. Com isso, o COB se viu obrigado a registrar um prejuízo de R$ 41 milhões. Ainda assim, no final de 2015, a dívida era de R$ 56,592 milhões, com o COB registrando, por isso, uma perda de R$ 41 milhões.
Mas, durante o ano de 2016, o COI pagou apenas parte dessa dívida, e sempre em repasses de serviços e produtos (modalidade conhecida pela sigla VIK). O saldo remanescente em 31 de dezembro de 2016, de R$ 23,058 milhões, deveria ser pago em dinheiro em sete parcelas mensais a partir de janeiro passado. Até maio, só uma parcela havia sido paga.
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