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Olhar Olímpico

Suíça aceita cooperação internacional com Brasil no caso Nuzman

Demétrio Vecchioli

09/10/2017 13h04

Nuzman é preso pela PF. Foto: Mauro Pimentel/AFP

O Ministério Público da Suíça aceitou o pedido de cooperação internacional feito pela Justiça Federal brasileira e vai cooperar com as investigações a respeito da suspeita de compra de votos para que o Rio fosse eleito sede da Olimpíada de 2016, assim como ajudará a rastrear recursos provenientes de corrupção. Presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman guarda 16 quilos de ouro em um cofre em Genebra.

A informação foi inicialmente publicada pelo site do jornal O Estado de S. Paulo e confirmada ao Olhar Olímpico pela assessoria de imprensa do escritório do Procurador Geral da Suíça (OAG), que informou apenas que o  pedido de assistência jurídica mútua do Brasil já está sendo executado. Os suíços reforçaram, porém, que a responsabilidade sobre qualquer informação sobre o conteúdo da solicitação é competência da Justiça brasileira, que trata o processo em sigilo.

A peça na qual o Ministério Público Federal do Rio (MPF-RJ) pede a prisão de Nuzman, porém, trata sobre as 16 barras de ouro que Nuzman só declarou à Receita Federal depois da primeira fase da Operação Unfair Play, quando policiais federais encontraram a chave e o cartão do banco em Genebra onde essas barras estariam guardadas. Esse foi, aliás, um dos argumentos para o pedido de prisão, já que no entender dos procuradores da Força-Tarefa Lava Jato, Nuzman agia para atrapalhar as investigações.

A partir da declaração de Imposto de Renda do dirigente, o MPF identificou um crescimento patrimonial de mais de 450% em um período de uma década, entre 2006 e 2016. Uma das razões para isso foi a inclusão, a partir da versão de 2014 do IR, de investimentos nas Ilhas Virgens Britânicas, conhecido paraíso fiscal. Agora, as autoridades brasileiras querem saber as movimentações das contas de Nuzman na Suíça.

Ao menos uma é citada na investigação, em e-mail que o dirigente trocou com a IAAF para receber o auxílio relativo a uma viagem que fez para uma reunião da entidade de atletismo.

Esta segunda-feira será um dia decisivo para Nuzman. Isso porque é quando vence o pedido de prisão temporária que o levou à cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona Norte do Rio. O MPF deve apresentar um pedido de renovação da prisão por mais cinco dias ao juiz Marcelo Bretas, enquanto os advogados de defesa esperam a resposta de um habeas corpus apresentado em segunda instância.

Além disso, sair ou não da cadeia antes de quarta-feira pode ser decisivo para o futuro político de Nuzman, que na sexta-feira apresentou um pedido de afastamento do COB. Na quarta-feira, a assembleia do COB se reúne no Rio para acatar o pedido, que pode se tornar um afastamento definitivo.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.