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Olhar Olímpico

Polícia de Genebra encontra 'vários quilos' de ouro em cofre de Nuzman

Demétrio Vecchioli

09/10/2017 18h11

(Divulgação)

A polícia de Genebra estourou nesta segunda-feira um cofre onde Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) guardava suas barras de ouro. De acordo com o jornal local Tribune de Genève, os policiais encontraram "vários quilos de ouro". Ainda não é possível determinar, porém, se essas são as 16 barras, de um quilo cada, declaradas por Nuzman à Receita Federal. Elas equivalem a cerca de R$ 2 milhões.

Nuzman nunca havia declarado essas barras de ouro no seu Imposto de Renda e só enviou uma retificação à Receita Federal depois que, na primeira fase da Operação Unfair Play, os policiais federais encontraram uma chave e o cartão de um depósito denominado Ports Francs. Para os procuradores do Ministério Público Federal do Rio (MPF-RJ), Nuzman quis se antecipar à descoberta das barras de ouro na Suíça e, por isso, as declarou com atraso à Receita.

Nesta segunda-feira, mais cedo, o Ministério Público da Suíça, baseado em Berna, confirmou ao Olhar Olímpico que aceitou um pedido de cooperação internacional com a Justiça brasileira. Antes, na sexta-feira, de acordo com o Tribune de Genève, a Justiça local já havia determinado a apreensão dos bens depositados no Ports Francs.

Segundo o mesmo jornal, o Ports Francs, que teve a imagem de sua fachada exposta pelo jornal O Estado de S. Paulo, passou a realizar, por iniciativa própria, auditorias internas. "Quando descobrimos sexta-feira que esta pessoa investigada alugou um armário conosco, informamos imediatamente o Ministério Público de Genebra", disse Alain Decrausaz, CEO da empresa ao Tribune de Genève. A reportagem do Estadão esteve no depósito na quinta-feira e desconfia desta versão.

Na retificação que fez à Receita Federal, Nuzman não detalhou a localização das tais barras de ouro que, como mostrou o Olhar Olímpico, seriam suficientes para fazer medalhas por mais três edições dos Jogos Olímpicos. E foi exatamente pelo que os procuradores brasileiros entendem ter sido uma tentativa de obstrução da Justiça que eles pediram a prisão provisória de Nuzman.

O MPF solicitou e o juiz Marcelo Bretas concordou em bloquear os bens somados de Nuzman e seu braço-direito, Leonardo Gryner, em até R$ 1 bilhão, valor criticado pela defesa do dirigente do COB. É por isso que as barras de ouro puderam ser apreendidas. A reportagem do Tribune de Genève não detalhou se havia outros objetos dentro do depósito.

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.