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Olhar Olímpico

Rafaela Silva perdeu de propósito para que colega fosse campeã brasileira

Demétrio Vecchioli

07/10/2017 15h53

Rafaela Silva sempre fez tudo que esteve ao seu alcance para ajudar a colega e rival Tamires Crude. Neste sábado, deu um passo a mais. Perdeu de propósito na semifinal do Troféu Brasil Interclubes de Judô, que está sendo realizado em Belo Horizonte, só para que a amiga chegasse à final do torneio e se aproximasse de estar na seleção no ano que vem.

Tanto Rafaela quanto Tamires são atletas do Instituto Reação, do Rio. Tamires cresceu em Heliópolis, comunidade carente de São Paulo, e foi convidada por Rafaela a ir para o Rio quando o projeto social onde ela treinava fechou. A garota passou a treinar no Reação e a morar na casa de Rafaela, na Cidade de Deus.

Neste sábado, elas se enfrentariam na semifinal do Troféu Brasil, que vale pontos para o ranking nacional. Este, por sua vez, classificará a campeã automaticamente para a seleção brasileira. Rafaela, que já se garante na equipe pela boa classificação no ranking mundial, entrou no tatame e avisou o árbitro para dar o kati, que é o comando de vitória.

Rafaela e Tamires após a "luta" (Mayara Ananias/CBJ)

"Sabia que as meninas do Reação estavam vindo forte e dei a oportunidade para elas decidirem entre elas para ver quem ia seguir na competição e marcar uns pontinhos", explicou Rafaela, que vê suas colegas cada vez mais fortes. "A gente está evoluindo bastante. Algumas viagens elas são sparring. Estou fazendo minha parte de ajudar elas a crescerem."

Com a derrota na semi, Rafaela permitiu que a final da categoria até 57kg fosse entre Tamires Crude e Flávia Cruz, também do Reação. Tamires ganhou e foi campeã brasileira, enquanto que a campeã olímpica ganhou o bronze depois de Manoela Costa, da Sogipa, se machucar.

Depois de muitos anos, esse está sendo o primeiro Troféu Brasil Interclubes com a presença maciça dos melhores judocas do país, todos interessados no ranking nacional e em se garantirem na seleção. Bronze no Mundial, Érika Miranda foi supreendida e só ficou com o bronze. Diferente de Rafaela, ela perdeu no tatame mesmo, para Layana Colman, do Minas, que seria vice-campeã. Millena Zaccani, da Sogipa, colega de treinos de Érika, ficou com o título. Eleudis Valentim (Pinheiros) ficou com o outro bronze.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.