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Olhar Olímpico

Confederações se calam e opositor a Nuzman diz que suspensão é retrocesso

Demétrio Vecchioli

06/10/2017 15h52

Com Leandro Carneiro

Enquanto o esporte olímpico brasileiro é virado de ponta para baixo, com a prisão de seu principal dirigente, Carlos Arthur Nuzman, e a suspensão do Comitê Olímpico do Brasil (COB), é mais fácil encontrar uma agulha em um palheiro do que um dirigente disposto a comentar a situação. Um dos poucos que o fez foi Alaor Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) e único a desafiar Nuzman na mais recente eleição do COB. E até Alaor preferiu um tom conciliatório, inclusive criticando a suspensão.

"Só temos a lamentar que o esporte olímpico brasileiro tenha sido atingido dessa forma e em um momento em que grandes resultados estão sendo alcançados, muitos deles frutos da continuidade do trabalho realizado no último ciclo. Essa suspensão deixa uma incógnita no ar, tornando ainda mais difícil alguns aspectos como a busca por patrocínios. Em suma, é um retrocesso em um trabalho que vinha mostrando evolução", afirmou o dirigente, por meio de nota.

Alaor não conseguiu lançar candidatura à presidência do COB na eleição do ano passado porque não apresentou os 10 apoios necessários mais de seis meses antes do pleito. Ele entrou na Justiça contra essa regra, chegou a ter uma vitória em primeira instância, mas Nuzman conseguiu revertê-la.

Junto aos documentos do presidente do COB, os policiais federais que cumpriram o mandado de busca e apreensão da primeira fase da Unfair Play encontraram um dossiê contra Alaor encomendado por Nuzman para um amigo. Alaor desde então nunca aceitou falar com a imprensa sobre o tema e só se pronunciou em nota oficial.

A postura dele se reflete também em outras confederações. Na quinta-feira, após a prisão de Nuzman, a reportagem do UOL ligou no telefone celular de pelo menos 15 presidentes. Apenas um deles atendeu: Mauro Silva, do boxe. "As coisas não podem entrar em nível de loucura, refletir nas confederações, não é por ai. Brasil está de ponta cabeça, sabemos por quê. O Brasil já sabe, mundo já sabe, não tem muito o que fazer. Compete à Justiça julgar e a imprensa não é justiça. Tem de seguir como está, trabalhando", disse.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.