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Olhar Olímpico

Brasileiros são bronze no remo em prova não olímpica e esvaziada

Demétrio Vecchioli

29/09/2017 13h26

Representantes do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio, Xavier Vela e Willian Giaretton conquistaram nesta sexta-feira a medalha de bronze no Mundial de Remo, que está sendo disputado em Sarasota, nos Estados Unidos. O resultado, histórico para a modalidade, porém, foi conquistado no Dois Sem Peso Leve, uma prova que não faz parte do programa olímpico e, por isso, não atrai a atenção dos melhores atletas do mundo. Tanto é que apenas oito duplas se inscreveram nela.

Repetindo a estratégia usada com Fabiana Beltrame, que foi campeã mundial no Single Skiff Peso Leve em 2011, a Confederação Brasileira de Remo (CBR) optou por apostar em provas que não são olímpicas, têm menor nível técnico e, consequentemente, permitem melhores resultados. Das quatro embarcações inscritas pelo Brasil no Mundial, três eram em provas que não são olímpicas.

Xavier Vela, atleta que anteriormente competia pela Espanha, e Willian Giaretton disputaram a Olimpíada do Rio no Double Skiff Peso Leve, não conseguiram se classificar sequer para a final B e terminaram em um modesto 14º lugar. Por visibilidade, os atletas do Grêmio Náutico União (GNU), do Rio Grande do Sul, optaram por mudar de barco, para um que não é olímpico.

Com isso, conquistaram três medalhas internacionais na temporada. A primeira, exaltada pela CBR, de bronze, em uma etapa da Copa do Mundo que tinha apenas três barcos inscritos. A segunda, novamente na Copa do Mundo, aí sim em uma prova com seis inscritos – e só. No Mundial, eles repetiram o resultado.

Também nesta sexta, Uncas Batista, de 20 anos, disputou a final do Single Skiff Peso Leve e terminou na sexta e última colocação. Atual campeão mundial sub-23, ele é a grande esperança do remo brasileiro, mas vive a mesma situação pela qual passou Fabiana Beltrame na sua carreira.

Ou ele ganha peso e passa a competir no Single Skiff, ou busca um parceiro para se arriscar no Double Skiff Peso Leve. Fabiana Beltrame, vale lembrar, não conseguiu sequer final B olímpica quando apostou em competir em dupla. Visando vaga na Rio-2016, ela demorou a subir de peso, focou na prova não-olímpica até quando pôde e acabou ficando fora da Olimpíada em casa.

O cenário do remo, vale frisar, não é comparável ao da natação, na qual os atletas que se destacam nos 50m peito, costas e borboleta também treinam para provas mais longas, de 100m. Elas não são excludentes. No remo, elas são.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.