COB deixa atletas sem plano de saúde e corre para resolver com patrocínio
com Leo Burlá, do UOL Esporte
Depois ter todos os seus patrocínios encerrados em 31 de dezembro, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) se viu obrigado a se lançar ao mercado em busca de novos parceiros. A demora em encontrar patrocinadores tem afetado o apoio aos atletas, especialmente na área de saúde. Com o fim do contrato com a Bradesco Seguros, o COB deixou de fornecer seguro saúde aos atletas apontados pelas confederações.
O Olhar Olímpico ouviu queixas de atletas, que preferem não se indispor com o COB, e que reclamam terem que treinar desprotegidos. Entre os que tiveram que apelar para planos de saúde particulares está Diego Hypolito, que foi medalhista de prata na Olimpíada do Rio e passou por cirurgia nas costas no início do ano.
"O COB não consegue absorver o custo com os planos", admite Rafael Grabowsky, novo gerente geral de marketing do COB. Durante sete anos, desde que o Rio de Janeiro foi escolhido para ser sede dos Jogos de 2016, o COB ficou proibido de ter patrocinadores próprios, ficando com uma parte dos acordos assinados pelo Comitê Rio-2016. Esse período de máscara acabou em 31 de dezembro, quando 15 contratos foram encerrados.
De uma só vez, o COB se viu sem Nike, Bradesco, Bradesco Seguros, Correios, Embratel, Claro, Nissan, Aliansce, Cisco, Estácio, EY, Globo, Sadia, Batavo e Skol. Como ficou sete anos sem poder firmar contratos individuais, teve que recomeçar praticamente do zero.
Se em outros setores, especialmente o de bancos, a busca é por um patrocinador que coloque dinheiro no caixa do COB, na área de seguros a urgência é por alguém que garanta planos aos atletas. "Conversamos com algumas empresas. É uma categoria que está aberta. Hoje, nós temos seguros para viagens, e estamos tentando algo como a gente fez no passado com a Bradesco Seguros", completou Grabowsky.
Nesta terça-feira, o COB apresentou a chinesa Peak como sua nova fornecedora de material esportivo, conforme havia sido adiantado pelo Olhar Olímpico em julho. Além disso, a entidade já havia anunciado outros quatro patrocinadores, todos em contratos de permuta, dentro das faixas de "fornecedor oficial" e de "apoiador oficial". Além da seguradora de viagem Travel Ace, o COB já acertou com a fornecedora de equipamentos fitness BRW Sports Group, a Aliansce Shopping Centers e a promotora de eventos SRCOM.
Um sexto contrato também já está acertado, este para um "patrocinador oficial" – mesma faixa da Peak. É com a Estácio, uma das maiores organizações privadas de ensino superior do país em número de alunos matriculados. Mais uma vez, o contrato não envolve repasse de recursos, apenas permutas.
"É um contrato muito robusto. A Estácio vai abraçar todo o projeto do Instituto Olímpico Brasileiro. Toda a plataforma de ensino à distância será absorvida por eles. Eles se encantaram também pelo projeto Transforma, que veio do Rio-2016, de educação através do esporte, que leva para essas crianças uma forma diferente de praticar o esporte", comemorou Grabowsky, que veio do Comitê Rio-2016 e chegou ao COB este ano.
Ele explica que o contrato vai gerar uma economia "enorme" para o COB. "A gente chama de 'saving'. É um contrato de serviços. A gente olha para dentro do nosso orçamento, vê o que a gente teria de gastos e vai até o mercado", completa Grabowsky. Para as cotas maiores, estas sim com injeção de recursos financeiros, o COB busca empresas de telefonia e bancárias. Outra prioridade, segundo ele, é fechar com uma empresa aérea, o que permitiria grande economia com passagens.
Além desses cinco patrocinadores fechados recentemente, o COB ainda tem outros 13, que são os "patrocinadores olímpicos mundiais". Ou seja: as empresas que patrocinam o Comitê Olímpico Internacional (COI), que por sua vez repassa porcentagem dos contratos para os comitê olímpicos nacionais, como o COB. Grabowsky não revela quando isso impacta nas receitas, mas admite que os valores são expressivos.
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