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Olhar Olímpico

Comece a guardar dinheiro. A Olimpíada em Paris vai ser sensacional

Demétrio Vecchioli

13/09/2017 14h00

Faltando 84 meses para a abertura dos Jogos Olímpicos de 2024 em Paris, oficializados nesta tarde, já dá para começar a fazer o planejamento financeiro da viagem. Porque, é sério, você não vai querer deixar de ir. Não só porque Paris é uma das cidades mais bonitas e charmosas do mundo – talvez "A mais"? -, mas porque, como nunca antes, a Olimpíada será integrada a alguns dos pontos turísticos mais famosos e visitados do mundo. Não é cedo demais para cravar: Paris-2014 será f….

Tomemos como comparação a última Olimpíada realizada em uma grande cidade europeia, em Londres, em 2012. Naquela edição, apenas dois eventos foram sediados na zona turística da cidade: a maratona aquática e o triatlo, ambos no gigante Hyde Park – além, é claro, da maratona, como de costume. Mesmo no Rio, o único ponto turístico utilizado foi a Praia de Copacabana. Nos dois casos, a maior parte das principais sedes eram de difícil acesso.

Em Paris, terceira cidade mais visitada do mundo em 2016, não será assim. Pelo contrário. Na primeira eleição pautada pela chamada "Agenda 2020", que visa adaptar a Olimpíada às cidades, Paris apresentou um projeto para aproveitar ao máximo o que já tem, o que incluiu o conhecimento logístico e de segurança para receber eventos nos seus pontos turísticos.

A "venue" Torre Eiffel, por exemplo, receberá as competições de maratonas aquáticas, a maratona, a marcha atlética e o triatlo. Ou seja, as provas de natação em águas abertas serão no Rio Sena. O vôlei de praia vai ser ali perto, do outro lado da torre, no Champs-de-Mars (ou "Campo de Marte", aquele longo gramado que aparece em 99% das fotos de turistas na Torre Eiffel). Já a famosa avenida Champs-Elysees vai sediar a chegada da prova de ciclismo, com a expertise de quem faz isso todo ano com a Volta da França.

Pensa que acabou? Está só começando. Ali do lado, a Esplanada dos Invalides (um outro grande gramado, em frente ao museu de mesmo nome) receberá as competições de tiro com arco, enquanto que as competições de esgrima, paixão dos franceses, e taekwondo serão no espaço de exposições de arte Grand Palais, do outro lado do Rio Sena. De lá, dá para ir a pé até a Paris Arena, onde serão as competições de judô e as finais do basquete, também na beira do rio – uma das poucas construções previstas é a Paris Arena II, ao lado.

As provas de hipismo serão um pouco longe, é verdade, mas o cenário será nada mais nada menos do que o Palácio de Versalhes, que também será o palco do pentatlo moderno – taí uma motivação para ver a competição mais sonolenta dos Jogos. No caminho até lá, dá para parar nos históricos estádios Jean-Bouin (rúgbi) e Parque dos Príncipes (futebol). Não longe dali, a uma distância também "andável" fica a Paris Expo, uma espécie de Riocentro, que receberá tênis de mesa e handebol.

O tênis, é claro, será em Roland Garros, assim como, acredite se quiser, o boxe, programado para ser disputado na quadra secundária Suzanne-Lenglen. Palco do Aberto da França feminino, disputado em quadra dura, o ginásio Stade Pierre-de-Coubertin, do ladinho do Parque dos Príncipes, será a casa do basquete feminino.

Como se vê, quase tudo já existe ou está sendo construído, como a Arena 92, da ginástica, esta sim nos arredores da cidade – mas facilmente acessível de metrô. A exceção é o Estádio Aquático, que será construído com capacidade para quase 14 mil pessoas na cidade de Saint-Dennis, onde já fica o futuro Estádio Olímpico, o mesmo que já recebeu a final da Copa do Mundo de 1998. Ali perto, também em Saint-Dennis, ficará a Vila Olímpica, mais cara obra para os Jogos.

Com relação ao futebol, assim como foi no Brasil, estádio não será problema. Afinal, a França recebeu uma Copa do Mundo há menos de 20 anos e fez os ajustes necessários para a Eurocopa do ano passado. Por enquanto, há oito estádios candidatos, mas só seis serão sede, além do Parque dos Príncipes, que receberá a final. Estão concorrendo: Nice, Bordeaux, Lyon, Saint-Etienne, Marselha (lá vão acontecer as provas de vela), Toulouse, Lille e Nantes.

Em Paris, a promessa é de facilidade de locomoção. Dentro de um raio de 10km do centro de Paris, existirão 90 mil quartos de hotel e a promessa é de que não haverá nenhum ponto sem uma estação de metrô a menos de 400 metros. Fora da cidade, poucas competições, como o golfe, todas as provas de ciclismo (perto entre si e próximas do Palácio de Versalhes), remo e canoagem (nordeste de Paris) e, claro, a vela.

Mas, como foi dito no começo, é melhor começar a guardar dinheiro. Até porque não será nada barato esse passeio.  Para a cerimônia de abertura, o preço médio dos ingressos deverá ser de (sente-se) US$ 1,4 mil. Para a natação, de US$ 203. A expectativa é que, assim, os Jogos de Paris vendam US$ 1,05 bilhão em ingressos (pelos valores de 2016), mais o que o dobro da renda obtida na Rio-2016.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.