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Olhar Olímpico

Criador de novo reality, Flávio Canto volta à TV para mostrar sua 'verdade'

Demétrio Vecchioli

31/08/2017 04h00

(João Cotta/Globo)

Menos de seis meses depois de ser substituído por Felipe Andreoli na apresentação do Esporte Espetacular, Flávio Canto está de volta ao programa dominical da Globo. Agora, numa função em que se sente ainda mais à vontade, no comando de uma atração criada e desenvolvida por ele mesmo: o Ippon, um formato inédito de reality show que, por enquanto, é de judô, mas que pode ganhar fôlego para revelar talentos também de outras modalidades.

Quando explica o que é o reality e como chegou ao formato que estreia no próximo domingo, Flávio repete à exaustão à palavra "essência". Afinal, o Ippon é a grande chance de o ex-judoca finalmente levar ao ar a sua própria essência. "Minha curta experiência na tevê já me mostrou que eu não funciono se for uma coisa muito real. Eu acredito em verdade, em conversar, bater papo com as pessoas. Tudo que é diferente disso eu não consigo fazer, vou fazer mal", reconhece.

Não é da boca para fora que Flávio Canto diz que "meu objetivo de vida é mudar o mundo". Medalhista olímpico e apresentador de sucesso na principal emissora do país, ele afirma que sua profissão é o trabalho voluntário no Instituto Reação, projeto social criado por ele e que, entre outras coisas, formou a campeã olímpica Rafaela Silva e deu o pontapé inicial para a equipe de refugiados que participou da Rio-2016, acolhendo dois judocas congoleses.

O Ippon é mais uma etapa do seu trabalho em prol do desenvolvimento do atleta/cidadão. "Eu tive essa preocupação, que é extra tevê. Queremos captar a mostrar o que é essência do esporte. Quando criança eu assistia (o filme) Karatê Kid e me lembro dos ensinamentos, da humildade, de você sair um pouco da associação de que o esporte é só a competição. É isso que a gente quer mostrar."

O reality, que já foi gravado e só terá sua final transmitida ao vivo, conta com a participação de quatro meninas da categoria até 52kg e quatro garotos da categoria até 70kg, todos de até 21 anos, treinados por Rafaela Silva e Sarah Menezes. Além das lutas em si, eles também foram submetidos a atividades instruídas pelos "samurais" do judô brasileiro. Gente do naipe de Rogério Sampaio, Aurélio Miguel e Chiaki Ishii.

"Eu mesmo aprendi muito ali. O Tiago Camilo foi meu adversário durante anos, ele deu um treino que foi super interessante de assistir, porque eu vivia aquilo como adversário. Para mim foi aprendizado enorme. O programa tem esse lado do crescimento cultural brasileiro. São valores que são mais importantes que a competição. Quero estimular que os pais levem os filhos para treinar judô", revela Flávio. Além dos campeões masculino e feminino, o Ippon terá o vencedor do "Valores do Samurai".

Mais do que apresentador do programa, ele é o criador do formato. A ideia veio quando ele ainda era o apresentador do Esporte Espetacular e foi levada ao Bradesco – e, só depois à Globo – por ele e por Rosane Araújo, então editora-chefe do programa dominical. Os treinos foram gravados em julho no Parque Aquático Maria Lenk, onde o Comitê Olímpico do Brasil (COB) tem seu centro de treinamento e irão ao ar por quatro semanas.

A troca de Flávio por Andreoli na apresentação do Esporte Espetacular, por decisão da emissora – o ex-CQC tem estilo mais "humorista" -, não atrapalhou os planos para o Ippon, gravado enquanto o ex-judoca se preparava para apresentar o Criança Esperança pelo terceiro ano seguido. Agora, Flávio espera que o novo reality tenha boa repercussão, para dar origem a novas edições.

"O reality é um baita produto. Eu gostaria de fazer mais, esse de judô é o primeiro. Dá para fazer com todos os esportes, resgatar a essência deles através de provas. No futebol, por exemplo, você pode fazer dois times e trabalhar o altruísmo, espírito de coletividade", argumenta. No Ippon, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) ajudou a escolher as categorias envolvidas (as com mais atletas de potencial) e a selecionar os atletas, todos destaque nas seleções de base.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.