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Olhar Olímpico

E o Zika? Rio-2016 teve menos casos de doenças do que Olimpíadas anteriores

Demétrio Vecchioli

23/08/2017 16h05

Marcelo Sayão/EFE

Atletas das mais variadas nacionalidades ameaçaram boicotar os Jogos Olímpicos do Rio com medo de serem contaminados pelo vírus da Zika. Diversos veículos de imprensa de todo o mundo apontaram o dedo para o risco de se competir nas águas poluídas da Guanabara e da Lagoa Rodrigo de Freitas. Um ano depois, enfim o tamanho do problema é divulgado: não houve aumento no número de casos de atletas doentes durante a Rio-2016 na comparação com as duas edições anteriores dos Jogos. Pelo contrário.

A conclusão é de uma pesquisa publicada esta semana no British Journal of Medicine e assinada por 13 pesquisadores de diversas partes do mundo, inclusive um representante da USP,  Leonardo Oliveira Pena Costa, e um membro do Comitê Olímpico Internacional.

A pesquisa condensou e cruzou incidências de lesões e de doenças relatadas pelos 207 comitês olímpicos nacionais, a policlínica da Vila Olímpica e o centro médico de cada uma das instalações da Rio-2016. E chegou à conclusão de que apenas 651  dos 11.274 inscritos apresentaram sinais de doença – e outros 1.101 se machucaram.

Em todas as estatísticas, os números são inferiores aos identificados em pesquisas semelhantes nas últimas duas edições dos Jogos de Verão (Pequim-2008 e Londres-2012) e de Inverno (Vancouver-2010 e Sochi-2014). E a maior queda foi exatamente no número de atletas afetados por doenças.

Tanto em Londres quanto nas duas últimas duas edições da competição de inverno, a taxa de atletas doentes foi de 7%, contra apenas 5% na Rio-2016. No evento no Brasil, 56% dessas doenças foram diagnosticadas como sendo infecciosas (3%), número equivalente aos das edições anteriores. Da mesma forma, a porcentagem de doenças intestinais (1%) se manteve estável.

Os pesquisadores lembram que, apesar de toda a polêmica em torno do vírus da Zika, nenhum caso foi reportado. "O antecipado problema de infecções na Rio-2016 não se materializou", escreveram os autores do estudo, que pode ser lido completo aqui.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.