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Olhar Olímpico

Melhores do que nunca, EUA batem recordes de medalhas na natação e no atletismo

Demétrio Vecchioli

15/08/2017 04h00

(Glyn Kirk/AFP)

Como é de conhecimento geral, não é de hoje que os Estados Unidos dominam o esporte olímpico. Mas, nos Jogos de Tóquio, em 2020, essa supremacia pode ser ainda maior. Pelo menos é o que mostram os norte-americanos neste início de ciclo. Nos Campeonatos Mundiais de Natação e Atletismo, as duas modalidades que mais distribuem medalhas na Olimpíada, os EUA tiveram seus melhores desempenhos em todos os tempos.

Campeão pelo número total de medalhas desde o Mundial de Atletismo de 2005, o time americano nunca havia tido um desempenho tão bom. Seu antigo recorde eram as 28 medalhas conquistadas em Daegu, em 2011, mas em Londres os americanos subiram ao pódio em 30 oportunidades. Uma grande evolução na comparação com as 18 obtidas em Pequim-2015 e mesmo as 26 de Moscou-2013.

Já havia sido assim no Mundial de Natação, que foi disputado em julho em Budapeste, na Hungria. Mesmo desfalcada do aposentado Michael Phelps e do então suspenso Ryan Lotche, os americanos ganharam incríveis 38 medalhas, sendo 18 de ouro. Desses, só dois ouro e dois bronzes foram em provas que não estarão no programa olímpico de Tóquio.

Os números são semelhantes à campanha da natação americana na Rio-2016 (33 medalhas, sendo 16 de ouro), mas impressionam porque os americanos, tradicionalmente, se preparam para dar o melhor nas Olimpíadas. Os resultados dos Mundiais não costumam ser do mesmo nível. Em 2015, por exemplo, foram 23 medalhas, sendo apenas oito de ouro. Em 2013, 29 medalhas, 13 douradas. No caso do atletismo, na Olimpíada do Rio foram 32 medalhas, 13 de ouro (contra 30 e 10 no Mundial).

Mundial de Atletismo – O crescimento dos Estados Unidos coincidem com uma queda notável nos resultados obtidos pelos rivais de Quênia e Jamaica, além da suspensão da Rússia, que foi a Londres com uma equipe de somente 19 atletas, todos competindo como "neutros", que ganhou apenas cinco medalhas.

Se em Pequim tanto os jamaicanos quanto os quenianos ganharam sete medalhas de ouro, contra apenas seis dos Estados Unidos, que terminou em terceiro no quadro, desta vez nenhum dos dois países chegou perto do usual. Os quenianos, que também estão envolvidos em escândalo de doping, desta vez só foram campeões de cinco provas, ganhando 11 medalhas (foram 16 em 2015).

Já a Jamaica sentiu a falta das vitórias de Usain Bolt e dos bons resultados nas provas de revezamento e ganhou, em Londres, uma mísera medalha de ouro, nos 110m com barreiras. Quatro no total. Um fracasso para quem faturou 12 em 2015. Mesmo a Etiópia, que vinha de 10 medalhas em 2013 e oito em 2015, desta vez só levou cinco para casa.

Entre os países que cresceram, destaque para a África do Sul, que fez a melhor campanha de sua história, puxada por Caster Semenya (campeã dos 800m e bronze nos 1.500m), Wayne Van Niekerk (campeã dos 400m, bronze nos 200m) e Luvo Manyoga, campeão do salto em distância. Com isso, chegou ao terceiro lugar do quadro de medalhas, só atrás de EUA e Quênia.

Destaque também para a França, que pela segunda vez na história ganhou três medalhas de ouro (a primeira foi em casa, em 2003), e para a Polônia, que foi ao pódio oito vezes, fazendo dobradinha de ouro e bronze nas duas provas do martelo. Os britânicos, donos da casa, salvaram a campanha ganhando o 4x100m masculino, mas decepcionaram de forma geral, com seis medalhas, só duas douradas. Mesmo com o apoio da torcida, teve sua pior campanha em oito anos.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.