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Olhar Olímpico

Contaminação em hotel de Londres tira estrela do Mundial e mancha competição

Demétrio Vecchioli

08/08/2017 15h27

(AP Photo/Martin Meissner)

Há pouco mais de um ano, a imprensa britânica era das mais implacáveis nas críticas com relações às condições sanitárias do Brasil nas vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio. Agora, ao receber o Mundial de Londres, a Inglaterra vê acontecer algo que não ocorreu na Rio-2016: atletas impedidos de competir por conta de contaminação por vírus. O atletismo nunca saberá quem é o homem mais rápido do mundo nos 200m e nos 400m rasos, porque Isaac Makwala simplesmente não teve condições de competir em nenhuma das provas.

Makwala é o líder do ranking mundial dos 200m e terceiro nos 400m e era um dos candidatos a subir nos dois pódios. Mas ele não conseguiu competir nas eliminatórias da prova mais curta, na noite de segunda-feira, e também não poderá correr a final dos 400m, na noite desta terça-feira no Estádio Olímpico de Londres. De acordo com a organização do Mundial, ele é um atletas contaminados por um norovírus que mexe com o funcionamento do sistema estomacal, causando diarreia e vômito. Como a doença é contagiosa, a IAAF não irá permitir que ele compita nesta terça.

O atleta de Botsuana está hospedado no Tower Hotel, um hotel de quatro estrelas oficial da competição. Além dele, cerca de outras 30 pessoas que também estão hospedadas neste hotel apresentaram sintomas de contaminação pelo vírus, que entra no corpo humano a partir de contato com comida contaminada. Atletas e membros da comissão técnica da Alemanha e do Canadá também tiveram o mesmo problema. A delegação italiana, no entanto, que está no mesmo hotel, não teve casos reportados.

O Olhar Olímpico conversou com membros das duas equipes, que confirmaram as contaminações, mas disseram que o vírus não deve causar mais ausências na competição. Os alemães inclusive conseguiram realocar os seus atletas que ainda não haviam chegado a Londres até ontem, e que agora ficarão hospedados em outro hotel.

O Ministério da Saúde da Inglaterra confirmou que cerca de 30 pessoas apresentaram sintomas de contaminação, mas, à BBC, um porta-voz do hotel garantiu que não há indícios de que tenha havido contaminação. Informou ainda que "um pequeno número" de hóspedes ligados ao Mundial de Atletismo haviam apresentado sintomas de gastroenterite.

Curiosamente, a mesma imprensa britânica que tanto bateu na tecla dos riscos associados à realização da Olimpíada no Rio, principalmente por causa da água da Baía de Guanabara e da Lagoa Rodrigo de Freitas, agora dá pouco destaque ao tema. Os jornais distribuídos aos montes no metrô, por exemplo, citam o fato sem manchetes, mesmo os impressos à tarde. Nos sites dos principais jornais, também, nenhum destaque.

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.