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Olhar Olímpico

Russo é prata como 'atleta neutro' e minimiza não poder competir por seu país

Demétrio Vecchioli

07/08/2017 21h34

(Andrej ISAKOVIC/AFP)

O momento que muitos esperavam no Mundial de Atletismo acontecerá nesta terça-feira. Pela primeira vez, um atleta russo vai subir ao pódio no Estádio Olímpico de Londres para receber uma medalha sem que a bandeira de seu país esteja hasteada junto com as dos rivais. A situação será vivida por Sergey Shubenkov, russo que foi o segundo colocado nos 110m com barreiras, em final disputada no final da sessão desta segunda – nestes casos, a cerimônia é sempre no dia seguinte.

Shubenkov é um dos 19 atletas russos liberados para disputar o Mundial como "Atleta Neutro Autorizado". Sempre que um deles é apresentado antes de competir, o sistema eletrônico mostra uma bandeira branca com a sigla "ANA". Ao que tudo indica, no pódio desta terça-feira, a tal bandeira branca é que estará entre a da Jamaica, do medalhista de ouro Omar McLeod e do húngaro Balazs Baji, bronze.

"Tem muita gente na minha terra (quase na fronteira com a China) que não está dormindo. Eles estão me dando parabéns e isso significa muito para mim", disse o russo na primeira vez que foi perguntado sobre competir como atleta neutro na zona mista. Depois de mais uma pergunta sobre o tema, ele foi breve e cortou a conversa. "Significa muito para mim cada pessoa me assistindo e me apoiando. A cor do uniforme não importa", afirmou, enquanto puxava a camisa azul clara e rosa.

Antes, ao chegar à área destinada às emissoras de rádio e tevê, avisou a todos os jornalistas que não falaria sobre a suspensão da Rússia. Ele, afinal, foi um dos 19 atletas que conseguiram autorização da federação internacional, a IAAF, para estar no Mundial enquanto ainda dura a suspensão imposta à federação russa de atletismo. Só foi liberado porque atendeu uma série de requisitos, como provar que seu ambiente de treinamento cumpre os padrões antidoping exigidos.

Ele é um dos astros do atletismo da Rússia e, em Londres, defendia o título mundial conquistado em Pequim, em 2015. Shubenkov também foi bronze em Moscou, em 2013, e é bicampeão europeu. Mas não pôde estar na Olimpíada do ano passado, quando a IAAF foi bastante rígida quanto à proibição de atletas russos.

"Estou muito feliz de estar aqui, estar competindo no meu terceiro Mundial, ganhar a terceira medalha seguida. Estou apenas triste de não ser ouro", comentou Shubenkov, que tem uma licença válida não só para o Mundial, mas para competir internacionalmente de forma geral.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.