Contra 124 adversários, Cielo tem no Cielo de 2009 o seu maior rival
A se considerar pelo tempo de balizamento, Cesar Cielo entra nas eliminatórias dos 50m livre como azarão na briga para chegar à final, uma vez que tem só o 11º melhor tempo de inscrição. O histórico do brasileiro, ainda recordista mundial da prova, porém, coloca ele em um patamar muito acima disso. Para o bem e para o mal. Afinal, Cielo sabe que será cobrado tendo como referência aquele nadador de 2009 que se tornou o mais rápido da história e uma referência no esporte brasileiro.
As eliminatórias dos 50m livre, com 125 atletas, abrem o sexto dia de competições de natação na Duna Arena, nesta sexta, a partir das 9h30 de Budapeste (4h30 de Brasília). Cielo está na penúltima de 12 baterias, junto o também brasileiro Bruno Fratus, o norte-americano Nathan Adrian, o italiano Luca Dotto e o russo Vladimir Morozov. Juntos, os cinco têm dois ouro, três pratas, um bronze e três quartos lugares só nos 50m livre nas últimas três edições de Mundial. Basicamente, todos os medalhistas ainda em atividade.
Os ouros são exatamente de Cielo. Vencedor em Roma-2009, Xangai-2011 e Barcelona-2013, o brasileiro é também o tricampeão mundial da história da prova, o que, neste momento, pode ser um fardo pesado para se carregar.
Ao ser mais lento dos brasileiros que ganharam o revezamento 4x100m livre, Cielo argumentou que não havia como cobrar mais dele após apenas seis meses de treino. Mas Cielo não voltou à natação para fazer nada diferente do que ganhar, ainda que seus tempos na preparação não tenham sido os melhores. O brasileiro nadou torneios na Itália e na França e não conseguiu mostrar nada que impressionasse.
"É o mesmo Cielo, só que num momento diferente", comenta o técnico dele, Albertinho. "Uma cosia é quando você sobe no bloco e vem de temporadas onde você foi o melhor, e outra é quando você sobe depois de algumas temporadas nas quais as coisas não correram tão bem", admite.
"Ele está num processo e sentiu muito a falta de ritmo. Esse tempo parado o faz ter que pensar as coisas, que não saem de forma automática. Somado à pressão pelos resultados ruins do ultimo ano, tudo pensou. Mas a preparação foi boa. Estou otimista, ele está bem", garante.
Dono do melhor tempo até aqui na temporada, 21s32, o britânico Benjamin Proud chega à prova como favorito, depois de ganhar os 50m borboleta. Outro grande candidato é Bruno Fratus, que nadou diversas vezes para 21s7 durante a preparação. Cielo tem 21s79 do Troféu Maria Lenk e sabe que não precisa baixar muito essa marca para beliscar uma medalha.
A preparação, porém, foi para Cielo conseguir chegar num 21s3 em Budapeste, o que fatalmente garantiria uma medalha. Mesmo se ela não vier, porém, Albertinho sabe que o nadador está pronto para lidar com a frustração. "Ele é acostumado a ganhar. Vai olhar para trás e ver o tanto que ele andou e conquistou esse ano. Ele está feliz com a decisão dele de voltar. Está sorrindo todo dia. Nem naqueles últimos anos que a gente trabalhou eu vi ele tão sorridente e espontâneo", conta o treinador, que trabalhou com Cielo até 2013 e voltou a comandá-lo no Pinheiros, nesta volta à natação.
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