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Olhar Olímpico

João Gomes Jr garante terceira prata do Brasil no Mundial de Natação

Demétrio Vecchioli

26/07/2017 13h27

Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA

João Luiz Gomes Jr ganhou nesta quarta-feira uma medalha de prata na final dos 50m peito. O resultado, de alguma forma, tem gosto de ouro. Afinal, o vencedor da prova, o britânico Adam Peaty, é considerado um nadador "fora de série", bem acima dos rivais na atualidade. Ao bater a mão na borda da piscina atrás de Peaty,  o brasileiro pode ser considerado o melhor dos nadadores tido como "mortais" na prova do Mundial de Natação de Budapeste, na Hungria.

"Não dá para descrever essa sensação. É a concretização de um sonho. Estou muito feliz pelo início do meu ciclo olímpico. Vou estar em 2020, vou lutar por isso. O Peaty é um cara a ser estudado. A gente também, por sermos os mais velhos da prova. Estamos mostrando que a natação não tem idade. Fico feliz por esse vice campeonato, ele vem com gostinho de ouro, mas eu quero mais. Vou botar sangue e suor no dia a dia do meu treino para ser o segundo homem a entrar na casa de 25s", revelou o brasileiro na zona mista.

Gomes, atleta do Pinheiros, completou a final em 26s52, enquanto que Peaty, que havia batido o recorde mundial duas vezes ontem, voltou a nadar na casa de 25 segundos, marcando 25s99. Em terceiro, ficou o sul-africano Cameron Van der Burgh, com 26s60. Outro brasileiro na prova, Felipe Lima tinha expectativa de medalha, mas terminou em quarto com o tempo de 26s78.

A medalha é a terceira prata do Brasil na natação. Antes de João Gomes Jr, o revezamento 4x100m livre masculino e Nicholas Santos, nos 50m borboleta, já haviam conquistado o segundo lugar nas respectivas finais. Nas maratonas aquáticas, Ana Marcela Cunha ganhou um ouro (25km) e dois bronzes (5km e 10km). O recorde de medalhas do Brasil em mundiais é de Barcelona-2013, com cinco conquistadas na piscina e 10 no total (somando as conquistas da maratona aquática).

Volta por cima após doping

João Luiz Gomes Junior, natural do Espírito Santo, disputou nesta terça-feira sua terceira final de Mundial e ganhou sua primeira medalha em piscina longa. Finalista dos 50m peito em 2009 e 2013, ele chegou a ganhar três ouros no Mundial de Piscina Curta de 2014, sempre nadando eliminatórias das provas de revezamento, mas acabou flagrado no doping naquela competição. Após afastamento, voltou às piscinas para ser quinto nos 100m peito na Olimpíada do Rio e, agora, conquistar sua primeira medalha.

João havia batido o recorde sul-americano nas eliminatórias, com 26s67, melhorando uma marca de Felipe França que durava desde 2009, quando os trajes tecnológicos ainda eram permitidos. Depois, na semifinal, Felipe Lima foi um centésimo mais lento: 26s68. Ao fazer 26s52 nesta quarta, João não só melhorou o recorde sul-americano como se tornou o segundo mais veloz da história da prova, atrás apenas de Peaty.

Adam Peaty brilha mais uma vez

O britânico vive fase impressionante. Desde 2014, já havia batido quatro vezes o recorde mundial dos 50m peito, que passaram de 26s67 para 25s95. Curiosamente, nenhum desses recordes foi batido em final. Nos 100m, ele pegou um recorde de 58s46 e o baixou para 57s13 na Olimpíada do Rio. Em Budapeste, ganhou o ouro sem conseguir melhorar a marca e atingir o seu "projeto 56s".

O outro grande rival pelo pódio era exatamente Cameron Van de Burgh, que desde 2009 sobe ao pódio de todas as provas de 50m e 100m peito em Mundiais e tem uma prata e um ouro olímpicos na prova mais longa. Este ano, optou por não nadar as eliminatórias dos 100m peito, focando exatamente nos 50m.

Felipe sem medalha

Ao completar no quarto lugar, Felipe Lima não conseguiu repetir o bronze conquistado nos 100m peito no Mundial de Barcelona, em 2013. Mas ele ficou contente com o resultado, até porque, até chegar a Budapeste, nunca havia nadado a prova na casa de 26 segundos. Ele se superou para chegar ao quarto lugar.

"É uma prova sempre forte, final de Mundial, onde a gente tem que tentar encaixar as melhores braçadas para tocar na frente e o tempo é a consequência de tudo isso. Consegui nadar na casa dos 26s mais uma vez, isso é muito importante, mostra como estou consistente. Estou entre os quatro melhores do mundo e isso é bom", disse na zona mista.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.