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Olhar Olímpico

Ele bateu Phelps e ganhou fama, mas Mundial o deixou longe de ver ídolos David Luiz e Willian

Demétrio Vecchioli

26/07/2017 17h00

Schooling entre William e David Luiz no CT do Chelsea

Joseph Schooling passou a juventude sem poder assistir os jogos do Chelsea porque precisava acordar as 5 horas da manhã para treinar natação e o fuso horário de Cingapura não ajudava. Mais famoso dos seus compatriotas, ele sempre sonhou em ver de perto um jogo do time inglês, ainda mais no seu país. Quando isso enfim acontece, o nadador de 22 anos está em Budapeste para tentar repetir o feito que o tornou famoso na Olimpíada do Rio: vencer os 100m borboleta. Pelo menos, pôde ver pela tevê a derrota por 3 a 2 para o Bayern de Munique, ontem à tarde, transmitida ao vivo por um canal húngaro.

É que a terça-feira foi um dia vazio para Schooling no Mundial de Natação. Ele até tinha índice para os 200m borboleta, mas preferiu se preservar para os 100m livre, cuja eliminatória aconteceu na manhã desta quarta-feira. Não deu certo. O cingapuriano fez o 17º tempo e acabou fora das semifinais. Nos 50m borboleta, segunda, havia sido o quinto colocado. Uma frustração parcial, porque o que verdadeiramente importa para ele é estar na final dos 100m borboleta, no sábado. Exatamente enquanto o Chelsea enfrenta a Inter de Milão no Estádio Nacional de Cingapura.

Não verá mais uma vez de perto os seus ídolos, entre eles os brasileiros David Luiz e Willian, a quem conheceu pessoalmente em abril, quando visitou o CT do Chelsea, em Londres, e ganhou uma camisa personalizada. "Eu sou um fã do Chelsea. A primeira coisa que eles perguntaram é se eu gostei do Brasil. Eu disse que o país é lindo, que as pessoas são fantásticas. Eu gostei muito de lá. Tudo é muito legal. Vocês têm os melhores jogadores do mundo", disse o nadador ao Olhar Olímpico.

Mero desconhecido para o grande público, Schooling ganhou o holofotes quando venceu Michael Phelps na final dos 100m borboleta na Rio-2016. Não era uma prova qualquer, afinal. O norte-americano não era só apontado como franco favorito como fazia a sua última prova individual da carreira. Enquanto isso, Schooling era o primeiro nadador de Cingapura a disputar uma final olímpica e se tornava também o primeiro atleta do país a ganhar uma medalha de ouro.

"Desde então, muita coisa mudou na minha vida. Eu treinei a vida toda por uma medalha de ouro. Acho que em todos os sentidos minha vida mudou. As pessoas sabem o que você fez, elas te respeitam e gostam do que você fez. Isso é muito legal", contou Schooling ao blog.

O nadador se tornou um astro em seu país e inclusive ganhou uma polpuda premiação oferecida por um programa federal que visa importar talentos estrangeiros para a cidade/país de cerca de 4 milhões de habitantes. O próprio Schooling, porém, mesmo sendo membro de uma família que já está em sua terceira geração no país, é criticado por não viver em Cingapura, mas nos Estados Unidos. Mais precisamente no Texas, onde estuda na Universidade de Austin.

E foi exatamente quando foi morar nos EUA, aos 18 anos, que o cingapuriano se aproximou mais de sua paixão de infância pelo Chelsea. É que, por conta do fuso horário, ele passou a poder assistir aos jogos do clube, que normalmente são transmitidos de madrugada em Cingapura.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.